PF resgata 40 mulheres exploradas pelo tráfico internacional

Duas operação da Polícia Federal prenderam duas quadrilhas que traficavam brasileiras exploradas sexualmente no exterior. Foram resgatadas 40 mulheres vítimas do tráfico internacional, brasileiras e estrangeiras, que eram exploradas sexualmente na Espanha. As prisões foram divulgadas na sexta-feira (1º) pela ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que atuam em conjunto no combate.


Ministros atuam em conjunto no combate ao tráfico de mulheres / foto: Agência Brasil

As investigações ocorriam há sete meses. A polícia da Espanha atuou em parceria a partir de denúncias colhidas pela Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180 Internacional, serviço coordenado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, e repassadas pelo Ministério da Justiça ao governo daquele país.

As operações

A primeira operação, realizada em Ibiza em junho de 2012 e batizada de Palmera, resgatou 28 mulheres, das quais seis eram brasileiras, com o seu desdobramento, foram resgatadas mais seis vítimas. Na segunda, a Planeta, deflagrada na quarta (30) em Salamanca, foram resgatadas seis vítimas, sendo duas brasileiras.

“São jovens, são pobres e foram aliciadas por pessoas brasileiras ou estrangeiras. Elas ficam confinadas, presas em porões das casas, dentro das próprias boates e casas noturnas e são exploradas sexualmente,” disse a ministra Eleonora Menicucci.

A Operação Planeta teve início a partir da denúncia feita pela mãe de uma das vítimas, que recebeu uma rápida ligação da filha, explorada sexualmente no exterior, relatando o seu desamparo. A ligação fez com que a mãe lembrasse de cenas da novela Salve Jorge, que trata do tráfico de pessoas.

De acordo com Eleonora , os aliciadores disseram que a vítima iria trabalhar como operadora de caixa de restaurante, “mas ela acabou sendo explorada sexualmente e inclusive teve a sua vida ameaçada”, disse. A ministra revelou as quadrilhas ganhavam R$ 1 mil por cada pessoa que conseguiam levar para o exterior.

A operação, de acordo com a Polícia Federal, resultou na prisão de um casal de brasileiros, em Salvador (BA), que recrutava jovens com a promessa de emprego no exterior.

Denúncias

De janeiro a dezembro de 2012, o Ligue 180 Internacional recebeu 80 denúncias, das quais, 30 vieram da Espanha, 25 da Itália, 18 de Portugal e duas de El Salvador, países onde o serviço está disponível. O serviço também registrou ligações da França, da Inglaterra, da Suíça e de Luxemburgo. “Tudo o que nós estamos construindo em nossa rede de enfrentamento e com o Ligue 180 é resultado da consolidação da Lei Maria da Penha,” disse Eleonora.

Do total de ligações recebidas, 40% são pedidos de informações e 60% são pedidos de socorro. A violência física é a que mais gera denúncias, com 51%, seguida de violência psicológica (33%) e violência moral (6,6%). Apenas 5% relatam alguma associação com tráfico internacional de pessoas.

Na avaliação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o pequeno percentual de denúncias se deve ao tipo de crime. “Uma das maiores dificuldades que se tem ao combater o tráfico de pessoa é que as pessoas não denunciam. Sem a denúncia e sem a confirmação, nada se faz”, disse. De acordo com Cardozo, as vítimas têm vergonha de denunciar e também temem sofrer retaliações dos aliciadores.

A ministra Eleonora Meniccuci disse que o governo estuda a ampliação do Ligue 180 Internacional. Criado em novembro de 2011, o serviço atende brasileiras em situação de violência na Espanha, na Itália e em Portugal. A ministra também fez um apelo para que as pessoas denunciem mais este tipo de crime.

“Nós do governo federal temos adotado uma postura de uma política obcecada e determinada para combater o tráfico de pessoas. Quero chamar todas as mulheres e homens do Brasil para denunciar esse tipo de situação. Não podemos deixar que as pessoas sejam vítimas dessas quadrilhas", disse.

Fonte: Agência Brasil