Líder da oposição na Tunísia é assassinado

 Um ator importante da oposição tunisiana, Shokri Belaid, líder do partido Patriotas Democráticos, foi morto por tiros enquanto deixava a sua casa nesta quarta-feira (06). Ele foi levado para o hospital mas não resistiu aos ferimentos, segundo seu irmão.

A esposa do líder da oposição disse que ele foi atingido por duas balas, em entrevista à Rádio Mosaico. O correspondente da Al-Jazeera, Youssef Gaigi, na Tunísia, disse que o assassinato foi um choque no país. “Isso sem dúvida foi um assassinato seletivo de um político importante, o primeiro deste tipo no país”.

Ziad Lakhader, um líder na Frente Popular, a organização que engloba os Patriotas Democráticos, disse que Belaid foi morto com balas no peito e na cabeça; “este é um dia triste para a Tunísia”, declarou.

Crítico abertamente

Belaid era critic da liderança tunisiana, especialmente contra o partido islâmico Ennahda, que domina o governo. Ele tinha acusado as autoridades de não fazer o suficiente para parar a violência dos ultraconservadores que tinham tido como alvo os mausoléus, exibições de arte e outras coisas vistas como contrárias à manutenção da sua interpretação estrita do Islã.
O porta-voz do governo, Samir Dilou, chamou o assassinato de um “crime odioso.” O presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, disse que combateria aqueles contrários à transição política no seu país depois da morte de Belaid.

Marzouki, que fez uma breve visita à França na quarta-feira (06), disse aos deputados do Parlamento Europeu, em Estrasburgo: “nós continuaremos a lutar contra os inimigos da revolução”, e foi aplaudido.

O presidente também cancelou uma visita ao Egito, marcada para a quinta-feira (07), depois do assassinato, que trouxe milhares de protestantes às ruas, na frente do Ministério do Interior.
Gritando reivindicações de finalização do governo liderado pelo Ennahda, os manifestantes diziam: “Vergonha, vergonha, Shkori morreu!”, “Onde está o governo?” e “O governo deve cair!”. Omar bin Ali, um membro dos sindicatos de comércio da Tunísia, estava presente na manifestação e disse que “os islamistas foram os responsáveis pela morte de Belaid”, mas ainda não há indícios de envolvimento de qualquer dos grupos.

“Isso é o que eles estavam pedindo, nas mesquitas”, disse Ben Ali ao correspondente da Al-Jazeera, Ahmed Janabi, nas portas do ministério. Excluindo a possibilidade de ações exteriores, Ben Ali disse que a “Tunísia é amiga de todas as nações. É difícil pensar que qualquer um no exterior faria isso conosco”, e afirmou também que “o povo quer que todo o governo seja desfeito, já que provou ser inútil.”

Tiros de aviso

Enquanto o número de protestantes disparava, as forces de segurança atiraram para cima e cercaram a área da vizinhança direta do ministério. O assassinato aconteceu num momento em que a Tunísia luta para manter a estabilidade e reavivar a sua economia, depois da queda do governo anterior, há muito no poder, seguida das revoltas de dois anos atrás.

A revolução tunisiana foi a que impulsionou outras revoltas em todo o Mundo Árabe e provocou novas tensões sociais e religiosas. O Ennahda ganhou 42 por cento dos assentos na primeira eleição pós-revloução em outubro de 2011, e formou um governo de coalizão com dois partidos seculares, o do presidente Marzouki, Congresso pela República, e com o Ettakatol.

Entretando, o governo tem encarado muitos protestos contra as dificuldades econômicas. Afetado pela queda do comércio com a zona do Euro em crise, tem lutado para proporcionar melhores condições de vida à sociedade tunisiana.

A França condenou o assassinato de Belaid, descrevendo-o como um corajoso defensor dos direitos humanos. “Este assassinato roubou à Tunísia uma das suas mais corajosas e livres vozes”, disse o president francês Francois Hollande.

Com Al Jazeera

Tradução da Redação do Vermelho