Cartão postal: favelas atraem turistas do Brasil e do mundo 

O Rio de Janeiro está lotado de turistas do país inteiro e estrangeiros. Gente que, além do carnaval, aproveitou para conhecer as favelas, uma tendência crescente que os pesquisadores já registraram. O turista chega no jipe de uma agência com um guia que fala inglês ou vai a pé, na companhia de um guia da comunidade que capricha no portunhol. O que ninguém poderia imaginar é que até o posto policial ia virar atração turística.

Do Morro Santa Marta se vê um cartão-postal do Rio de Janeiro, mas não é apenas isso que atrai os turistas. Lá do alto, eles podem entender melhor uma cidade onde os contrastes entre pobres e ricos são tão marcantes.

Um turista canadense diz que nunca viu uma área tão extensa de pobreza em um lugar com paisagem tão bonita. Outro, chileno, destaca a arquitetura da favela, as casas e os caminhos estreitos, mas ficou impressionado com a sujeira e o lixo espalhados.

A laje Michael Jackson é unanimidade na preferência dos turistas. Foi nela que o cantor gravou um clipe em 1996 e ajudou a divulgar a favela Santa Marta no mundo inteiro.

O local, aos pés do Cristo Redentor, recebe em média dez mil turistas por mês. A equipe do Bom Dia Brasil só encontrou estrangeiros, mas a maioria é de brasileiros: em torno de sete mil, segundo pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas.

“Nesse sentido, a nova política de segurança tem um impacto muito grande. Faz diferença sim para o brasileiro se sentir mais seguro a partir de uma política diferenciada”, diz a pesquisadora da FGV Bianca Freire Medeiros.

Os moradores já estão se acostumando com o vai e vem de visitantes. “É um orgulho, porque a gente nunca teve esse privilégio de eles subirem aqui e ver como a gente vive”, conta a moradora Paula de Souza.

O morro do Vidigal, outra favela pacificada com vista inesquecível para o turista iraniano Mille Ballai. Ele foi além de uma rápida visita. Está hospedado em uma pousada no alto do morro. Nas favelas da Zona Sul, oferecer hospedagem já é uma tendência. Ballai conta que em poucos dias fez amigos e que os moradores da favela são educados e receptivos.

Uma turista argentina comprou uma bolsa como lembrança da sua visita ao Santa Marta. “O turismo está aparecendo para os moradores como um possível gerador de emprego e renda”, aponta a pesquisadora Bianca Medeiros.

Mas quem vive do artesanato local quer atrair ainda mais os turistas. “Aqui na comunidade, é uma média de dois mil por mês. Na barraca, às vezes é 30, porque nem todos param. Ainda, infelizmente, não tem uma consciência de apreciar o trabalho da comunidade”, conta o vendedor. Afinal, será que não é bom levar lembranças de uma experiência única?

Fonte: G1