Haddad defende 'mistura social' como alternativa para equilibrar SP
Em entrevista ao Portal UOL nesta terça-feira (26), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, falou sobre o trabalho da atual administração municipal para equacionar o problema da moradia, congestionamentos e alagamentos que afetam os paulistanos no período das chuvas. Para colocar em prática todos os projetos pensados para a cidade, Haddad disse que a meta é dobrar a capacidade atual de investimento do município.
Publicado 27/02/2013 15:48
Para o prefeito, a resposta para o histórico problema do trânsito vai muito além da construção de corredores de ônibus e melhorias em outros serviços públicos de transporte. Haddad aposta na ocupação do centro da cidade, com moradores de todas as classes sociais, como solução para os megacongestionamentos.
A lógica, segundo ele, é aproximar os paulistanos de seus locais de trabalho, e vice-versa. "Nós vamos lançar com o governo do estado, no âmbito do Minha Casa, Minha Vida [programa federal de habitação], uma parceria para a construção de 20 mil unidades habitacionais no centro de São Paulo para todas as classes sociais", disse Haddad. "Ou seja, queremos um centro representativo de todas as camadas sociais da cidade: pessoas de classe média, trabalhadores, pessoas mais pobres, mais ricas. Queremos um centro plural."
Demofobia paulistana
Questionado se a elite paulistana estaria preparada para essa “mistura social”, o prefeito respondeu que uma grande cidade é aquela que acolhe de maneira equilibrada seus moradores.
"A melhor coisa do mundo é quando você convive. Não vou dizer que vai agradar a 100% das pessoas. Tem pessoas que têm visão elitista, que têm demofobia [aversão ao povo ou a multidões], têm medo do povo, mas não é assim que se produz uma grande cidade. Uma grande cidade é aquela que acolhe seus moradores de maneira equilibrada", falou.
E completou: "Nós não estamos querendo favelizar o centro, nem elitizar. Nós estamos querendo transformar o centro em uma cidade agradável para todo mundo".
Corredores de ônibus
Haddad disse que já tem em mãos o resultado da licitação de seis novos corredores de ônibus para a cidade. "Estamos só esperando os prazos regimentais para assinar o contrato."
Segundo ele, até o final do ano serão contratados 66 quilômetros de corredores. Além disso, mais 84 quilômetros devem ser licitados e encaminhados, somando 150 quilômetros até o final do mandato, conforme prometido na campanha eleitoral de 2012.
O investimento pode chegar a R$ 4 bilhões para os 150 km, estima o prefeito, que pretende licitar corredores "nos moldes do BRT [Bus Rapid Transit], um transporte de mais velocidade". A faixa de investimento fica entre R$ 20 e R$ 25 milhões por quilômetro, segundo Haddad – "menos de 10% do valor de um quilômetro de metrô e carrega um terço dos passageiros".
Capacidade de investimento
Para que esses e outros projetos sejam realizados, o prefeito ordenou que a administração retome "a capacidade de investimento da cidade" em valores de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões, "um patamar razoável para a cidade".
Segundo ele, isso significa dobrar a capacidade atual de investimento do município. "Essas medidas preparatórias têm que ser feitas nesse primeiro ano [repactuar a dívida com União, abrir espaço para financiamento da cidade, fazer ações previstas no plano de governo] para dar tempo em quatro anos de a cidade enxergar seu próprio futuro", disse.
Alagamentos
Em relação ao cenário de caos que se repete sempre que as chuvas de verão atingem a capital paulista, Haddad anunciou o "desengavetamento" de 70 obras de menor porte em 70 pontos conhecidos de alagamento na cidade de São Paulo. As obras custarão ao todo cerca de R$ 150 milhões.
Segundo ele, a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) já foi autorizada a rever os projetos técnicos e abrir licitação.
Ele explicou que os problemas a serem resolvidos com microdrenagem estarão prontos ou encaminhados em janeiro de 2014. "Isso é possível de entregar até o verão que vem se a gente correr com o calendário, fizer a reavaliação técnica desses projetos para ver se estão atualizados e licitar", afirmou.
No longo prazo, o investimento deve ser em piscinões, que devem levar cerca três anos para sair do papel. Quatro deles já foram anunciados nas bacias dos rios Aricanduva e Pinheiros, nas zonas leste e sul. Mais dez devem ser financiados pela Prefeitura em parceria com o governo estadual.
Ele disse que o plano de 16 medidas que foi anunciado no começo do ano para combater de forma emergencial as enchentes foi correto e já apresentou resultados. "Enchentes dentro de casa você quase não teve na cidade de São Paulo, apesar das chuvas de 100 milímetros em 40 ou 50 minutos", defendeu. "Não tivemos deslizamento de terra, porque todas as áreas de risco foram visitadas diariamente. São providências que já deram resultado."
Fonte: UOL