Bruno é condenado a 22 anos e 3 meses por "trama diabólica"

A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues condenou o réu Bruno Fernandes, 28 anos, a pena de 22 anos e 3 meses pelo crime de assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Na sentença, lida por volta das 2 horas da madrugada desta sexta-feira, Oito de Março, Dia Internacional da Mulher, a juíza classificou o crime como "trama diabólica" e afirmou que "o réu tem incutido na sua personalidade uma total subversão dos valores".

"A investida do réu contra a vítima não foi a primeira vez, mas certamente foi a última. Ficou cristalino o interesse do réu em suprimir a vida de Elisa Samúdio. Agiu sempre de forma dissimulada da sua real intenção", sentenciou Marixa Fabiane Lopes Rodrigues.

Apesar da postura rigorosa e exemplar da Justiça, neste caso tido como simbólico para o movimento de mulheres que luta pelo fim da violência contra a mulher, alguns especialstas calculam que ele estar solto em menos de três anos, cumprindo regime semiaberto, devido ao sistema prisional do país.

O mandante do crime, de acordo com a sentença da juíza, está preso em regime fechado há dois anos e nove meses. E acredita-se que ele cumpra 40% dos 17 anos e três meses a que foi condenado nesse regime. Ele deve receber ainda atenuantes por conta do trabalho feito dentro da cadeia durante o período em que esteve preso e o que ainda está por vir, além do seu histórico de 'bom comportamento' – a cada três dias trabalhados é descontado um dia da pena.

Segundo o advogado criminalista Luiz Flávio Gomes, o goleiro deve cumprir mais um sexto da pena quando for transferido para o regime semiaberto –cerca de dois anos. Dessa forma, o Bruno estaria livre em, no máximo, sete anos –aproximadamente em 2020.

Recorrer

O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que está satisfeito com a condenação do goleiro Bruno Fernandes de Souza, mas disse que vai recorrer da decisão. "Não estou feliz porque uma pessoa morreu, mas estou satisfeito", afirmou o promotor, que defende uma sentença de 26 a 28 anos a Bruno.

Por outro lado, o advogado de defesa do goleiro Lúcio Adolfo da Silva vai recorrer para atenuar mais a sentença. Segundo ele, a sentença "não foi justa" porque o jogador, de acordo com sua defesa, teria revelado mais sobre o caso do que seu ex-assessor Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e foi menos beneficiado. Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão em novembro do ano passado.

Bruno era goleiro titular do Flamengo na época do crime, em 2010. Famoso e rico, o ex-atleta disse que a ex-amante tentava extorquir dinheiro dele por conta de estar grávida dele. Ele chegou a admitir durante o julgamento que sabia que Eliza seria morta. Mas em momento algum assumiu a autoria do crime, agindo de forma dissimulada e culpando o comparsa,  Luiz Henrique Romão, levando os jurados a crêr que a ideia de matar Eliza tivesse sido de Macarrão.

"Mais fácil tirar um dente sem anestesia do que a verdade dessa desgraça", declarou o promotor Henry Wagner.

"O futebol perdeu um goleiro razoável, mas um grande ator", argumentou o promotor. Ao iniciar sua fala, na quinta-feira (7), afirmou que a "canalha quadrilha" levou Eliza do Rio de Janeiro para Minas Gerais e que ela nunca fez o exame de DNA porque Bruno não quis. Ainda, segundo Castro, Bruno agrediu Eliza, ameaçou de morte e tentou forçá-la a tomar abortivos. Segundo ele, o jogador se negava a atender seu único pedido: o pagamento dos exames pré-natais.

Eliza chegou a procurar delegacias especializadas para denunciar que estava sofrendo ameaças do então goleiro.

Com agências