Esclarecer o Passado é entender o Presente e disputar o Futuro
*Por Sérgio Danilo Miranda Rocha
Publicado 20/03/2013 14:32 | Editado 04/03/2020 16:49
É de suma importância identificar carrascos e algozes que sobre o manto da ditadura cometeram crimes imprescritíveis, mas o fundamental é expor aos olhos do tempo presente o maquinário, as entranhas do sistema de repressão, o funcionamento dos que sustentaram e financiaram o aparato repressivo: associações empresariais, igrejas, embaixadas estrangeiras – com destaque para a ação da embaixada (do seu corpo diplomático e agentes) dos EUA – além do sistema de “arapogagem” (grampos, escutas, dossiês, etc.) e do sistema de “deduragem”.
Memória não só é passado, mas se trata das origens do presente das balizas com que construiremos um futuro em outro rumo. O povo brasileiro enfrentou e derrotou política e juridicamente no grande ciclo de lutas de 1978 à 1988 um condomínio que reuniu os setores mais reacionários das classes dominantes, setores entreguistas das forças armadas alimentadas e orientadas pelo ação do imperialismo protagonizado pelo EUA, removendo o “entulho autoritário” da ditadura; foram as décadas perdidas para o nosso povo no sentido de construir um rumo de desenvolvimento estruturado e interno, com soberania e com protagonismo das amplas camadas do povo.
A Comissão da Verdade é ferramenta para expor o funcionamento de uma lógica e estruturas que no campo ideológico e de métodos infectam a ação do aparelho de Estado. Nos 25 anos que se comemoram a promulgação da constituição de 88, vemos em cada trato policial principalmente com a juventude, no funcionar da ação da polícia nas periferias de qualquer grande cidade, dos “esquemas” de grampos e confecção de dossiês para atacar este ou aquele protagonista da vida política, a herança maldita do que “resta da ditadura”entre nós. Expor os mecanismos deste funcionamento é um passo para confrontar tão longeva e nefasta tradição. Esclarecer o passado é entender o presente sem viseiras é delimitar o parâmetros com qual queremos definir e construir o futuro.
*Sérgio Danilo é Hitoriador pela UFMG, Secretário Geral da Fundação Mauricio Grabois – Seção Minas Gerais e Secretário de Juventude do Comitê Estadual do PCdoB