Presidente da Câmara diz que situação de pastor é 'insustentável'

Depois de pedir a saída do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa, na última quarta-feira (20), e de afirmar que acreditava em “solução respeitosa", o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse nesta quinta-feira (21) que a situação do deputado é "insustentável".

"Passou a ser também responsabilidade do presidente da Câmara dos Deputados. Do jeito que está, a situação da comissão se tornou insustentável”, disse Alves.

Em 2011, o pastor usou o Twitter para dizer que os descendentes de africanos seriam amaldiçoados. "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!", escreveu. Em outra ocasião, postou na rede social que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime e à rejeição". No ano passado, o pastor defendeu em debate no plenário os tratamentos de "cura gay". Apesar das declarações, ele diz que apenas defende posições comuns aos evangélicos, como ser contra a união civil homossexual.

Feliciano insiste em ignorar os protestos e nega que exista crise. Nesta quinta (21) ele manteve agenda de presidente da comissão: encontrou-se com o embaixador da Bolívia, Jerjes Justiniano Talavera, para tratar do caso dos torcedores corintianos presos naquele país, e viajou à tarde com a família.

O líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), disse que espera uma posição de Feliciano no início da semana que vem. Isolado, ele informou à cúpula da sigla que tiraria o fim de semana para pensar com a família no interior de São Paulo. A próxima reunião da bancada do PSC está marcada para terça. O comando da Câmara espera que o partido apresente outro nome para a comissão.

Frente Parlamentar

Em um auditório lotado de representantes de movimentos sociais, parlamentares insatisfeitos com a eleição de Feliciano para a presidência da CDH lançaram, nesta quarta (20), uma frente parlamentar com o objetivo de discutir temas ligados aos direitos humanos, como a liberdade de crença, democratização da terra, direito à informação, questões relacionadas a gênero e etnia.

A deputada Alice Portugal (PCdoB- BA), uma das 12 coordenadoras da nova Frente, avalia que “renovamos os compromissos quebrados, por um obtuso e abjeto que preside a Comissão de Direitos Humanos”. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) – que também participou do evento junto com as outras representantes da bancada do PCdoB – disse que “o Brasil quer continuar crescendo e seguindo em frente com todas as garantias das escolhas e liberdades individuais e os direitos de todos os brasileiros sendo respeitados".

Informações da Folha de S. Paulo