Índia irá propor à Rússia novos projetos de petróleo e gás

Nova Delhi planeja propor à Rússia construir um oleoduto à Índia através do Afeganistão e Paquistão e ao mesmo tempo estender até o território indiano o gasoduto projetado da Rússia à China.

Os dois projetos são ligados a dificuldades tecnológicas e riscos políticos, destacam peritos. Contudo, a construção de um oleoduto configura-se mais rentável.

O projeto de oleoduto pode ser proposto pelo maior consórcio de petróleo e de gás indiano ONGC. Ao mesmo tempo, a GAIL, maior companhia de gás da Índia, apresentou-se como autora do projeto de gasoduto através da China.

A ideia de construção de um oleoduto à Índia não é nova – os semelhantes projetos, nas palavras do presidente da União de Petróleo e de Gás, Guennadi Shmal, são discutidos há quase 20 anos.

O potencial da Índia é enorme – hoje em dia, esta é a economia que registra uns dos mais rápidos ritmos de desenvolvimento no mundo. A Rússia, por sua vez, está cada vez mais interessada em diversificar suas exportações de matérias-primas, destaca Guennadi Shmal:

“A Europa Ocidental não tem hoje uma grande necessidade em petróleo. Ultimamente, o volume de exportações de petróleo, inclusive russas, não cresce para aquela região. Tal significa que devemos procurar novos mercados de venda. Trata-se de países da Região da Ásia e do Pacífico, em particular do Japão, da Coreia e da China, que agora ocupam posições liderantes nas importações e no consumo de petróleo”.

O problema consiste em que a Rússia e Índia não têm uma fronteira direta, enquanto todas as vias de trânsito são ligadas a diferentes riscos que podem reduzir a nada potenciais vantagens econômicas, diz Vitali Kryukov, analista do grupo financeiro IFD Kapital:

“Desde o ponto de vista de riscos políticos, a construção de um oleoduto através do território do Afeganistão e do Paquistão é prenhe de sérias ameaças que devem ser consideradas no custo do projeto. A instabilidade do regime político naqueles países, o problema dos territórios litigiosos entre o Paquistão e Índia podem congelar o projeto. Ao mesmo tempo, estes riscos podem superar as potenciais vantagens dos fornecimentos de petróleo à Índia”.

A construção de um gasoduto à Índia através do território chinês aparece politicamente menos arriscada. A ideia de fornecer gás da Rússia à China discute-se há mais de seis anos. Neste período, foram traçados vários itinerários e agora as partes começaram a coordenar definitivamente os volumes e os preços dos fornecimentos.

Ao mesmo tempo, o fornecimento de gás à Índia através da China é muito complexo tecnologicamente, devendo-se instalar tubos num território montanhoso não preparado. Por isso, peritos receiam que a construção seja muito dispendiosa. Por outro lado, as relações políticas entre os dois países estão também longe de ideais.

Em 1962, a confrontação fronteiriça entre a China e Índia até se transformou num conflito militar. O litígio territorial continua não regularizado até hoje e, na opinião de peritos, Pequim pode utilizar o gasoduto como instrumento de pressão politica em Nova Delhi.

Deste modo, os dois projetos russo-indianos – tanto de gás, como de petróleo – têm sérias deficiências. Mas, como consideram peritos, o projeto de oleoduto da Rússia à Índia tem maiores perspetivas comerciais. As reservas de petróleo na Região da Ásia e do Pacífico são estáveis e, pelos vistos, novas jazidas deste combustível não aparecerão nos próximos tempos. Por outro lado, os volumes de extração e de liquefação de gás na região irão crescer.

Fonte: Voz da Rússia