Há 45 anos morria o primeiro estudante assassinado pela Ditadura

Edson Luís foi o primeiro estudante assassinado pela Ditadura militar e sua morte marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5.

Há 45 anos, no dia 28 de março de 1968, o paraense Edson Luís, com apenas 18 anos, alguns trocados no bolso e todos os sonhos na mochila, era assassinado pela ditadura no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro.

Na época, os estudantes estavam organizando uma passeata relâmpago para protestar contra o alto preço da comida servida no Calabouço. A Polícia Militar, que outras vezes já havia reprimido os estudantes no local, chegou ao restaurante com muita repressão. Na invasão, cinco jovens ficaram feridos e dois foram mortos pela polícia.

Um foi Benedito Frazão Dutra, que morreu no hospital, o outro foi Edson, que levou um tiro covarde no peito à queima-roupa de uma arma calibre 45. O episódio marcou a resistência estudantil contra o regime militar.

Edson Luís, presente!

Edson nasceu no dia 24 de fevereiro de 1950, em Belém, no Pará. O filho de Maria de Belém de Lima Souto era de família muito pobre e começou seus estudos primários na Escola Estadual Augusto Meira, em sua cidade natal. Mudou-se para o Rio de Janeiro e prosseguiu seus estudos secundários no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no tradiconal restaurante carioca Calabouço.

O corpo de Edson, baleado não chegou a ir para o IML. Foi levado imediatamente por estudantes para a Assembleia Legislativa. A necrópsia foi feita no próprio local do velório, pelos Drs. Nilo Ramos de Assis e Ivan Nogueira Bastos, na presença do Secretário de Saúde do Estado. Seu óbito de n. 16.982 teve como declarante o estudante Mário Peixoto de Souza.

O registro de Ocorrência n. 917 da 3ª D.P. informou que, no tiroteio ocorrido no Restaurante Calabouço, outras seis pessoas ficaram feridas, sendo atendidas no Hospital Souza Aguiar. Foram elas: Telmo Matos Henriques, Benedito Frazão Dutra (que veio a falecer, logo depois), Antônio Inácio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo de Souza Nascimento e Francisco Dias Pinto.

Outras três pessoas foram feridas na Praça Floriano, durante o velório de Edson Luiz, realizado na Assembleia Legislativa, são elas: Jouber Valan, João Silva Costa e Henrique Rego Carnel, também atendidos no Hospital Souza Aguiar.

O corpo de Edson Luiz foi levado por milhares de estudantes em passeata até o Cemitério São João Batista. O fato marcou a luta de resitência à ditadura sob o slong ''um estudante foi assassinado, ele poderia ser seu filho!'' e inspirou as centenas de grandes manifestações que ocorreram até a redemocratização do país com as eleições diretas de 1989.

Informações originalmente publicadas pelo Vermelho em 2008