Pará: Acusados de matar extrativistas serão julgados nesta quarta
Nesta quarta-feira (3) serão julgados os três acusados pelo assassinato do casal de extrativistas considerados sucessores de Chico Mendes: José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva. O destino dos réus será definido por um júri popular no Fórum de Marabá (PA), a cerca de 600 quilômetros da capital paraense, Belém.
Publicado 01/04/2013 17:15
A expectativa da Justiça Estadual é que o julgamento de José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, seja concluído em dois dias. Devido à grande repercussão do caso e à expectativa de que muitas pessoas queiram acompanhar o júri, o juiz responsável pelo caso, Murilo Lemos Simão, pediu que o policiamento seja reforçado.
O local comporta apenas 90 pessoas. Segundo funcionários do fórum, parentes das vítimas e dos réus, estudantes de direito, jornalistas e representantes de organizações sociais já se cadastraram para acompanhar a sessão.
O MST planeja montar um acampamento diante do fórum, onde espera reunir cerca de 500 pessoas de vários movimentos sociais. Alguns representantes serão escolhidos para acompanhar o julgamento.
“Nossa expectativa por um resultado justo e satisfatório é muito grande. Nessa nossa região predomina a cultura da impunidade, mas imaginamos que, por se tratar de um júri popular, os rumos [do julgamento] vão ser outros e a justiça vai ser feita. Queremos que os assassinos de trabalhadores sejam condenados e sabemos que nossa presença, fazendo pressão, é fundamental”, disse à Agência Brasil Ivagno Silva Brito, dirigente do MST no Pará.
Uma delegação internacional da Fundação Right Livelihood que chegou neste domingo (31) ao Brasil para cobrar esclarecimentos sobre o assassinato de militantes sociais ligados principalmente à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ao Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai acompanhar o julgamento. Representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República também já estão em Marabá.
O Coletivo Fora do Eixo enviou um grupo de comunicadores sociais para a região. Eles produzirão fotos, textos e vídeos do julgamento. A iniciativa faz parte do projeto Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que se propõe a ser uma “verdadeira guerrilha em prol do midialivrismo”. O resultado pode ser acompanhado na página do grupo no Facebook e pela página da #PosTV .
O assassinato
José Cláudio e Maria foram assassinados a tiros em maio de 2011, em um assentamento em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Os dois denunciavam a extração ilegal de madeira na região em que viviam e afirmavam receber constantes ameaças de morte.
Dois meses após o crime, o Ministério Público do Pará denunciou por homicídio duplamente qualificado José Rodrigues Moreira, que diz ser o dono das terras onde o assentamento Ipixuna foi montado e é apontado como mandante do crime.
A promotora responsável pela denúncia, Amanda Lobato, também acusou o irmão de Moreira, Lindonjonson Silva Rocha, e Alberto Lopes do Nascimento, de executarem o duplo assassinato. Ainda segundo o Ministério Público estadual, o objetivo do crime era retirar o assentamento da terra comprada por José Rodrigues.
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a recorrer à Justiça Federal para que o crime fosse federalizado, uma vez que as mortes estariam, de acordo com os procuradores da República, associados à invasão e à comercialização de terras da União. O pedido, contudo, foi negado, e o processo mantido na Justiça estadual.
Com Agência Brasil