Premiê da Autoridade Palestina Salam Fayyad pede demissão

O presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas aceitou neste sábado (13) o pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro Salam Fayyad ainda na passada quarta-feira (10), de acordo com a agência de notícias palestina Wafa. Os EUA chegaram a negar a informação durante a semana sobre a intenção de Fayyad, que tem amplo apoio ocidental, de se demitir. 

Salam Fayyad (Autoridade Palestina) - JPost

Um dos motivos da renúncia de Fayyad seria a crescente disputa com o presidente Abbas a respeito da extensão de sua autoridade, informaram funcionários do governo no mesmo dia. Ainda, a demissão do ministro das Finanças.

O presidente voltou à Cisjordânia nesta quinta, após uma viagem ao Catar, e teria analisado o pedido de demissão de Fayyad durante reuniões com o governo, num momento no qual os Estado Unidos tentam retomar as conversações de paz entre Israel e os palestinos.

Como parte desses esforços, o secretário de Estado norte-americano John Kerry espera conquistar o apoio para projetos econômicos palestinos na Cisjordânia. Fayyad, economista que já teve um importante cargo no Fundo Monetário Internacional, era considerado peça importante na supervisão de tais projetos.

Fayyad é o primeiro-ministro da Autoridade Palestina desde 2007, num governo que administra 38% da Cisjordânia, território controlado e crescentemente ocupado por Israel. Fayyad e Abbas têm divergências significantes há algum tempo, e o primeiro-ministro já havia dito a Abbas no ano passado que queria deixar o cargo.

Inicialmente e relativamente bem-sucedido na revitalização da economia palestina, Fayyad encontrou problemas quando, no ano passado, Israel e os EUA bloquearam fundos vitais para punir os palestinos por terem pedido o reconhecimento de facto, unilateralmente, na Assembleia Geral da ONU, em novembro.

O presidente Abbas pediu a Fayyad que continuasse no governo como premiê encarregado até que um novo governo seja formado, e sublinhou sua confiança em Fayyad, agradecendo pelos esforços e trabalhos, elogiando seus sucessos com relação a um projeto nacional e na construção de instituições fortes para o estabelecimento de um Estado da Palestina independente durante períodos difíceis.

Fayyad expressou sua apreciação pela confiança e apoio recebido de Abbas ao trabalho de seu governo.

O premiê, que é um político independente, foi indicado para o cargo por Abbas em 2007, depois dos tensos desenvolvimentos políticos que levaram a uma ruptura entre o partido de resistência islâmica Hamas (que hoje governa a Faixa de Gaza) e o Fatah de Abbas. Os dois partidos mantêm conversações de reaproximação e para a formação de uma cooperação política.

ONU e negociações de paz

A ONU disse nesta segunda-feira (15) que está comprometida com os trabalhos da Palestina e de Abbas para a construção de instituições estatais, que já são mais do que suficientes para o estabelecimento de um Estado independente, segundo uma resolução de novembro de 2012 da Assembleia Geral.

A declaração é do Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz do Oriente Médio, Robert Serry, que comentou sobre a demissão de Fayyad. "A ONU continua comprometida a trabalhar com os parceiros palestinos, sob a liderança do presidente Abbas, para o desenvolvimento, construção [de insituições] estatais e para alcançar uma solução negociada já atrasada de dois Estados".

Serry encontrou-se com Fayyad nesta segunda para "expressar a sua apreciação, em nome da ONU, pelos sucessos que alcançou", de acordo com uma declaração.

"A ONU reconhece que o primeiro-ministro Fayyad teve que lidar com circunstâncias que continuavam impedindo o sucesso da agenda de construção [de instituições] estatais que ele havia liderado juntamente com o presidente Abbas, e que está agora, na ausência de um horizonte político credível, sob um sério risco", disse Serry.

Com Wafa,
da redação do Vermelho