Aldo Rebelo: A olimpíada dos índios
Dos numerosos programas e ações que o Ministério do Esporte patrocina ou incentiva, em diversas modalidades e grupos sociais, uma, em particular, recebe atenção especial. São os Jogos Indígenas, realizados a cada dois anos com representantes das 300 etnias, em que se distribuem os aproximadamente 800 mil índios do Brasil.
Por Aldo Rebelo*
Publicado 20/04/2013 13:54
Nesta semana, daremos início à organização da 12 edição do certame, a se realizar em Cuiabá, já com previsão de participação 1.600 atletas de 48 tribos, 11 a mais do que as inscritas nos jogos de 2011, no Tocantins.
Os índios praticam com naturalidade ancestral esportes que hoje constam da Olimpíada, como arco e flecha, canoagem, natação e arremesso de lança, mas incorporaram o jogo que é paixão nacional e o mais popular do mundo, o futebol. Nem todas as tribos inscrevem atletas em todas as modalidades, porém nenhuma deixa de disputar o jogo da bola com os pés. Sobrevive, no entanto, o jogo da bola com a cabeça, o izigunati, na língua aruaque, que os parecis já praticavam muito antes de Charles Miller introduzir na várzea de São Paulo, no fim do século 19, o ludopédio da Inglaterra.
Os Jogos Indígenas buscam valorizar a cultura dos remanescentes dos primeiros brasileiros, sem isolá-la do contato com a sociedade nacional. É seu direito assimilar os usos e costumes dos não índios, sendo respeitados em seus valores tradicionais, mas integrando-se com a altivez e a importância de sua condição de elemento étnico e histórico da formação social brasileira.
Tratados dessa forma, ou seja, na doutrina de seus grandes amigos marechal Rondon, Darci Ribeiro e irmãos Vilas Boas, os índios escapam da camisa de força que lhes querem vestir no figurino de povos autônomos ou minorias intranacionais separatistas. Como mostra seu amor ao futebol, são brasileiros da gema e a nação é uma só.
* Aldo Rebelo é ministro do Esporte
Fonte: Diário de S.Paulo