Fifa comprova envolvimento de Havelange e Teixeira em corrupção

O Comitê de Ética da Federação Internacional de Futebol (Fifa) divulgou nesta terça-feira (30) o relatório provando que os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange e o paraguaio Nicolás Leoz receberam propinas da empresa de marketing suíça ISL. João Havelange renunciou ao cargo de presidente honorário da federação. Em seu Facebook, o Deputado Federal e ex-jogador, Romário, comemorou a renúncia e aproveitou para criticar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Havelange - Getty Imagens

“Já tinha passado da hora dele ter renunciado. Pessoas que ocupam cargos de destaque e relevância devem dar exemplo. E qual era a imagem que a Fifa passava com um presidente de honra acusado de receber propina?”, questiona Romário que completa: “Tem mais gente que deveria seguir o exemplo do Havelange, como o atual presidente da CBF, José Maria Marin. Será que a CBF também tem um Comitê de Ética? Já está na hora da entidade que comanda o futebol brasileiro fazer uma verdadeira faxina ética”,afirmou.

De acordo com o documento da Fifa, assinado pelo presidente do Comitê, Hans-Joachim Eckert, Havelange renunciou no dia 18 de abril, 12 dias antes da divulgação do relatório.

O brasileiro é acusado de ter aceitado subornos durante sua presidência, que durou mais de duas décadas. O relatório da Fifa descreve a conduta de Havelange como “moralmente e eticamente reprovável”. Documentos da justiça suíça mostram que a ISL pagou a ele e Teixeira o equivalente a R$ 45 milhões (21,9 milhões de francos, em valores da época) em troca de facilidades na obtenção de contratos. A empresa de marketing esportivo era parceira da Fifa na década de 1990, mas faliu em 2001.

De acordo com o relatório, quando o suborno foi pago a Teixeira, Havelange e Leoz não havia um código de conduta dentro da Fifa. O primeiro código é de 2004. Eckert diz ainda que todos os envolvidos no escândalo já renunciaram a seus cargos dentro da entidade. Portanto, o caso da ISL está encerrado para o Comitê de Ética.

Em julho de 2012, a Fifa divulgou documentos que confirmam que o ex-presidente da entidade João Havelange e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira receberam subornos milionários da ISL. Havelange já havia renunciado ao posto de integrante do Comitê Olímpico Internacional em dezembro de 2011. Teixeira deixou a presidência da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014 (COL) em 12 de março 2012. Três dias depois, deixou o Comitê Executivo da Fifa. A renúncia de Havelange ao cargo de presidente honorário da Fifa só foi revelada no relatório do Comitê de Ética divulgado nesta terça-feira (30).

Eckert assinalou que, na época, não foi considerada crime na Suíça a atitude de Havelange, Teixeira e do paraguaio Nicolás Leoz, que recentemente renunciou à presidência da Conmebol: esses aceitaram propina entre 1992 e maio de 2000.

“Contudo, é claro que Havelange e Teixeira, como dirigentes do futebol, não deveriam ter aceitado propina e deveriam ter devolvido o dinheiro já que este estava em conexão com a exploração de direitos de mídia”, afirmou Eckert, que baseou seu julgamento em um documento investigativo de 4 mil páginas divulgado pelo procurador da Fifa, Michael J. Garcia.

As propinas pagas a Havelange e Teixeira, por exemplo, teriam garantido a vitória da empresa na briga para pelos direitos televisivos das Copas de 2002 e 2006. Teixeira era membro do comitê executivo da Fifa na época em que as negociações ocorreram. A denúncia que desencadeou todo o processo é de autoria da rede britânica BBC.

Em 2011, Havelange já havia renunciado como membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), também em decorrência do caso da ISL. São atribuídos pagamentos a contas conectadas com ele e Teixeira, em um total de US$ 22 milhões recebidos entre os anos de 1992 e 2000.

Blatter havia prometido o relatório para no máximo 15 de abril. Como as renúncias de Havelange e Leoz ocorreram dias depois desse prazo, já há especulações de que os veteranos cartolas teriam sido avisados previamente das conclusões da investigação, abrindo caminho para que deixassem seus cargos e evitassem qualquer punição na Fifa

Da Redação,
com informações da revista Época