Procon-SP alerta sobre adulteração de leite com formol

A Fundação Procon-SP divulgou nota orientando os consumidores sobre o caso da adulteração de leite ocorrido no Rio Grande do Sul. A recomendação do órgão é que o consumidor não consuma o produto e, se possuir o documento fiscal (nota ou cupom), poderá trocá-lo ou ser ressarcido – com a devolução do valor pago – no local da compra.

A empresa produtora de leite Latvida foi interditada pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul por adulteração de produtos. Investigações do Ministério Público daquele estado apuraram que os lotes dos leites das marcas da empresa apresentaram adulteração por formol, conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O Procon reforçou as orientações junto à Associação Paulista de Supermercados (Apas). Caso não tenha o comprovante de compra, o consumidor deve entrar em contato com o fornecedor indicado na embalagem do produto para obter o ressarcimento.

As marcas e lotes adulterados são: Italac Integral (Lotes L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1), Italac Semidesnatado (L12KM1), Líder/Bom Gosto UHT Integral (Lote TAP1MB), Mumu UHT Integral (Lote 3ARC) e Latvida UHT Desnatado (com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013).

Entenda o caso

Cem milhões de litros de leite podem ter sido misturados com água não tratada e um produto químico cancerígeno para aumentar o lucro. O leite adulterado era vendido também no Paraná e em São Paulo. Oito dos nove suspeitos estão presos. O leite era comprado do produtor por intermediadores, que antes de vender para a indústria adulteravam o produto nos chamados postos de resfriamento.

O galpão onde o leite estava sendo manipulado fica em Ibirubá, interior do estado gaúcho. No local, caminhões-tanque sem refrigeração armazenavam água e ureia que, segundo apurou a investigação, são misturados ao leite para maquiar a adição de água e, assim, aumentar o lucro. A ureia é um fertilizante usado no campo e contém formol, substância cancerígena condenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que se acumula no organismo.

“Nós apuramos que alguns empresários do setor de transporte de leite cru, que realizam o transporte do produtor para os postos de resfriamento, estavam lucrando com a adição de 10% de água ao volume trabalhado. Como essa adição de água faz uma diminuição do poder nutricional do leite, estavam adicionando ureia”, relata o promotor Mauro Rockenbach.

Para o promotor, os fraudadores sabiam do risco à saúde da população. “Eles agiam até com um certo deboche. Houve um diálogo captado em determinada ocasião em que um dos empresários fraudadores pedia ao seu motorista que antes de fazer a mistura e levar o leite adulterado, deixasse o leite bom, cru, para ser usado pela sua família. Usando a expressão: ‘deixa para minha guachaiada’”, conta.

Os promotores cumpriram 13 mandados de busca e nove de prisão em quatro cidades gaúchas. Ao visitarem o depósito descobriram, ainda, que nem a água adicionada ao leite era tratada. Ela vinha deste poço artesiano.

A investigação ainda não apontou o envolvimento das indústrias na fraude, mas Mauro Rockenbach criticou a análise do produto nas fábricas: “Eles falharam no controle de qualidade, uma vez que recebem leite com ureia e formol e não detectam antes da linha de industrialização. Falharam no controle de qualidade”.

A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul já se pronunciou, afirmando que a indústria Latvida não pode mais produzir leite, derivados e doces, pois havia formol em amostras coletadas.

A empresa se defende alegando que os problemas aconteceram durante o transporte e se referem a apenas um lote. A fabricante da marca Mu-Mu afirma que atende aos requisitos exigidos pelo Ministério da Agricultura e está à disposição da investigação e dos consumidores para esclarecer dúvidas. Os demais fabricantes (Italac e Líder) não retornaram contato.

Com agências