Renato: "Nossa luta é por desenvolvimento com soberania"

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, participou na tarde desta quinta-feira (16), do 5º Encontro Sindical e foi recebido com entusiasmo pelos sindicalistas comunistas. Renato pontuou que apesar do significativo avanço democrático, o processo neoliberalista ainda não está plenamente superado. E exemplificou que entre esses problemas estão a questão da democratização do Estado, através da democratização do Judiciário e dos meios de comunicação.

 Mariana Viel, da Redação do Vermelho

Em sua fala, o dirigente nacional afirmou que a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu um ciclo novo no Brasil. “Ele expressa a realidade dos anseios e reinvindicações e perspectivas de forças democráticas, patrióticas, de esquerda que antes não tinham chegado ao centro do poder no país”.


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Segundo Renato, a vitória de Lula em 2002 se deu em um novo contexto e só foi possível através da pactuação de outros compromissos e apresentação de uma aliança mais alargada. Ele observou que mesmo após o primeiro decênio de um governo popular progressista a sociedade brasileira ainda possui fortes “componentes conservadores, reacionários e retrógrados”. 

“Deveríamos levar em conta que nesses 10 anos se estabeleceu uma transição da herança maldita neoliberal”, reforçou Renato. Ele explicou que para chegar ao centro do poder o governo Lula teve que fazer concessões e promover avanços. Segundo o dirigente, toda a transição deve ser vista do ponto das tendências da mudança e da continuidade. “Só que nessa transição fomos avançando nos interesses da maioria da nação, alterando a relação e a interação entre a questão democrática e social”.

Ele lembrou a urgência do governo em resolver a questão da fome, enfrentando dessa maneira os problemas mais urgentes e graves da sociedade brasileira. Outro ponto exaltado pelo dirigente foi a mudança nas relações internacionais e o reforço da soberania brasileira.

“O pacto vai tendo uma mudança importante entre os interesses conservadores e populares. Foi prevalecendo a tendência de compreender os interesses da maioria do povo e essa transição foi avançando no campo político e no terreno social.”

No campo econômico, ele afirmou que o grande problema do país é não ter um crescimento robusto e continuado. “Temos que ter uma estratégia atual de crescimento. Temos uma taxa de investimento ainda relativamente baixa que deve ser retomada a um patamar maior. Temos nesse campo os PACs, mas é necessário puxar o investimento privado. Na concepção da presidenta Dilma Rousseff uma alternativa são as concessões. Atrair o capital privado e ampliar os meios de investimentos. Não podemos reclamar um desenvolvimento mais acelerado sem considerar esse aspecto.”

No caso dos leilões do petróleo, Renato apontou que apenas entre 4 ou 5% do recurso brasileiro é explorado. “Petrobras sozinha não dá conta disso. Só a partir da concessão – sob o controle do Estado – ampliamos a exploração e a produção de petróleo. Não podemos ver as coisas de forma ortodoxa.”

Ele abordou ainda a questão da frente parlamentar, de massas e da luta de ideias. “Não podemos separar as frentes. Temos que debater de forma franca e prévia essas questões. Partimos da ideia de que o trabalhador tem razão, para sempre avançarmos mais.”

“Nossa visão se articula em três questões fundamentais: soberania, democracia e progresso social. Para nossa natureza de Partido a questão do trabalho é fundamental, mas não podemos deixar de ver essas outras questões. Não poderemos seguir um caminho próprio de desenvolvimento sem soberania. O partido tem que ver essas questões de forma articulada.”

Renato conclamou ainda a militância sindicalista a manter a mente aberta e não partir de opiniões prévias. “A minha compreensão é que a questão das concessões são importantes para o desenvolvimento. Como a questão dos leilões. Sinceramente, não vi outra alternativa, isso olhando para o mundo. Temos desafios importantes, e precisamos ser ousados. Nossa presidenta Dilma tem conceitos e definições e está indo além de Lula. O objetivo dela é transformar o nosso país em uma grande nação. Historicamente é um momento novo que nós nunca passamos.”

Mariana Viel é enviada especial ao Rio de Janeiro