Azevêdo agradece apoio do Congresso em eleição para OMC 

Em visita ao Congresso Nacional esta semana, o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Roberto Azevêdo, explicou à Câmara nesta quarta-feira (22), as dificuldades e a complexidade do processo eleitoral que resultou na escolha dele para dirigir a OMC. Segundo ele, alguns países membros, sobretudo da União Europeia, insistiam em não dissociar a imagem do país (Brasil) emergente e a do embaixador.

Azevêdo agradece apoio do Congresso em eleição para OMC - Agência Câmara

Ele esteve no Senado na terça-feira (21) e hoje (22) visitou os deputados. Aos parlamentares, ele disse que “a escolha demonstra a confiança e o prestígio internacional do momento por que passa o Brasil”. Azevêdo vai dirigir a organização a partir de setembro em um mandato de quatro anos.

“Quando emergentes mostram liderança e capacidade de participar de decisões com isenção, outros países passam a valorizá-los por essas competências”, completou o embaixador, ao agradecer o apoio a sua candidatura de todos os setores do governo brasileiro, incluindo o Poder Legislativo, e destacando o voto de confiança de Portugal.

Questionado sobre de que maneira sua eleição poderá ajudar o desenvolvimento do Brasil, Azevêdo disse que como diretor da OMC não poderá pautar ações diretamente voltadas a países. “Minha atuação será isenta e envolve, por exemplo, sugestões ligadas a temas, nunca a países específicos”, disse.

Ele disse ainda que a eleição dele pode ajudar, mesmo que indiretamente, a aceitação do Brasil como membro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na avaliação da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a eleição de Azevêdo representa um importante passo rumo a uma guinada necessária tanto para a OMC como para o comércio internacional.

“A eleição de um brasileiro para OMC, a principal organização internacional e responsável por regular o comércio e tornar mais justas as participações dos países pobres e emergentes, será determinante para o fortalecimento do Brasil no cenário internacional”, afirmou a parlamentar.

Rodada de Doha

Quanto a avanços nas negociações em torno da Rodada de Doha, ele afirmou que este certamente será um dos assuntos a serem tratados. A Rodada de Doha visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento. “A rodada é extremamente importante, mas a evolução nesse processo tende a ser lenta”, disse.

Azevêdo também foi questionado sobre o crescente número de medidas protecionistas adotadas por vários países, sobretudo em razão do momento de crise internacional. “Isso não é benéfico para ninguém e o pior é que é uma medida que tende a ser copiada, permitindo que se alastre facilmente”, disse. Ele disse que não acredita na eficácia de modelos econômicos fechados. Para ele, o caminho deve ser a busca de mais competitividade no mercado internacional.

Brasileiro, Roberto Azevêdo venceu o mexicano Hermínio Blanco, apontado como candidato dos países ricos. Baiano, 55 anos, formado em engenharia civil, desde 2008 Azevêdo é representante permanente do Brasil na OMC, que congrega 159 países-membros e tem sede em Genebra, na Suíça.

Na nota divulgada pelo Itamaraty para lançar a candidatura do embaixador brasileiro, ele foi apontado como "negociador-chave". O Itamaraty também destacou a participação de Azevêdo na solução de disputas emblemáticas como o caso envolvendo os subsídios ao algodão, iniciado pelo Brasil contra os Estados Unidos.

Da Redação em Brasília
Com agências