Rui Falcão: Boatos sobre Bolsa Família são "terrorismo eleitoral"

O presidente do PT, Rui Falcão, classificou como "terrorismo eleitoral" os boatos sobre o fim do Bolsa Família que levaram milhares de pessoas a agências da Caixa Econômica Federal.

“O terrorismo eleitoral já começou”, diz o dirigente, em vídeo divulgado em seu site na noite desta terça-feira (21). Falcão não diz quem estaria por trás da notícia falsa, mas alerta contra o que chamou de “boateiros”.

Durante o final de semana, uma informação falsa de que o Bolsa Família terminaria levou milhares de pessoas a agências da Caixa Econômica Federal e lotéricas, causando tumultos em ao menos 12 estados.

Segundo ele, rumores “contra o PT e o nosso governo” são disseminados em conversas pessoais, na internet e “nos ônibus, inclusive”.

Ele lembrou que a Polícia Federal está investigando a origem dos boatos. “Esperamos que eles sejam rapidamente identificados para que parem essa campanha de terrorismo contra o PT e, principalmente agora, contra o nosso governo.”


Boataria orquestrada

Mais cedo, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse que a velocidade com que os boatos se espalharam levanta a suspeita de que a ação possa ter sido “orquestrada”.

Embora tenha deixado claro que as investigações ainda estão em andamento, Cardozo disse que a investigação “não pode afastar a hipótese de ter havido algum tipo de orquestração” e que os sinais coletados até aqui levam o governo a “cogitar” essa hipótese.

“Evidentemente houve uma ação de muita sintonia em muitos pontos do território nacional, o que pode ensejar a avaliação de que alguém quis fazer isso deliberadamente, planejadamente, articuladamente. Não dá para afirmar isso ainda, mas seguramente as situações nos levam a cogitar essa hipótese. Mas nessa hora acho importante investigar, apurar, com o sigilo que o inquérito policial recomenda”, disse o ministro.

Perguntado se achava que a disseminação dos boatos escondia uma motivação político-partidária, o ministro buscou ser mais cauteloso que a sua colega de Esplanada, Maria do Rosário (Direitos Humanos), que nesta terça (21) afirmou pelo Twitter que os boatos estavam ligados à oposição.

“Seria leviano da minha parte, enquanto ministro da Justiça, fazer uma afirmação enquanto a apuração não for concluída. As pessoas podem ter suas teses, suas impressões, mas o ministro da Justiça tem que fazer com que a Polícia Federal conduza, com absoluta imparcialidade e com absoluto republicanismo, a investigação”, disse.

A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda (20) que o responsável por disseminar a falsa informação é “criminoso”. “É absurdamente desumano o autor desse boato. E é criminoso também”, disse a presidente, durante a cerimônia de lançamento ao mar do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, em Ipojuca, na região metropolitana do Recife.

Investigações

A Polícia Federal começará pelas regiões Norte e Nordeste as investigações. A PF vai ouvir as pessoas que realizaram os primeiros saques em agências da Caixa Econômica Federal e casas lotéricas na tarde de sábado (18).

Por meio de relatórios, o Palácio do Planalto foi informado de que a onda de boatos começou no sábado por volta das 15h20, no “boca a boca”, e só tomou conta da web de forma maciça no fim da noite, como reação ao boato que corria nas ruas.

Segundo a Caixa, instituição que opera o Bolsa Família, houve corrida às agências em 13 Estados brasileiros. Em nota, informou que o programa registrou 900 mil saques no valor de R$ 152 milhões durante o fim de semana.

Autoridades flagraram ao menos cinco versões para os boatos: greve de servidores da Caixa; bônus de Dia das Mães; repasse extra de R$ 300; fim do Bolsa Família e a suspensão temporária do benefício em razão da visita do papa Francisco –este circulou sobretudo pela região da Baixada Fluminense.

A Caixa nega que os incidentes tenham sido causados por algum problema técnico em seu sistema, como a liberação indevida ou atraso nos pagamentos. A oposição no Congresso diz que cobrará explicações do governo sobre essa hipótese.

Fonte: Agência Brasil