UBM saúda 53ª. Congresso da UNE

"A União Brasileira de Mulheres (UBM), que em agosto completa 25 anos de lutas em defesa dos direitos e pela emancipação da mulher, saúda a juventude reunida no 53ª. Congresso da combativa União Nacional dos Estudantes." Leia nota na íntegra, abaixo.

Saudação da UBM ao 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes

A União Brasileira de Mulheres (UBM), que em agosto completa 25 anos de lutas em defesa dos direitos e pela emancipação da mulher, saúda a juventude reunida no 53ª. Congresso da combativa União Nacional dos Estudantes.

Confiamos nós mulheres em luta que a UNE, honrando sua gloriosa tradição de quase oito décadas de combates em defesa da Educação, da soberania e da democracia no Brasil, aprovará, neste seu 53º Congresso Nacional, diretivas de mobilização da juventude estudantil por mais avanços e pelo pleno desenvolvimento do país. Sobretudo nas faculdades e Universidades, a luta por uma ampla Reforma que conduza à configuração de um verdadeiro Sistema Nacional de Educação, no contexto de um novo projeto de desenvolvimento brasileiro, com predominância para a educação pública gratuita, de qualidade, de caráter científico, crítico e laico. Ao lado disso, o ensino privado precisa ser objeto de estrito controle público, impedindo abusos em mensalidades e a sua desnacionalização. A luta por uma verdadeira Reforma Universitária, já o sabemos, é bandeira ratificada no último Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb).

A juventude brasileira tem seus mártires, exemplos que deram, alguns, a própria vida lutando por ideais de democracia, liberdade e justiça social, como o desaparecido presidente Honestino Guimarães, um militante cuja história precisa ser posta a limpo pela cobrança da UNE sobre a Comissão Nacional da Verdade. E também personalidades femininas generosamente dedicadas a sua pátria, como a diretora da UNE Helenira Rezende, tombada nos combates da heroica Guerrilha do Araguaia, armas nas mãos contra a sanguinária ditadura militar. Citando estes dois militantes, a UBM homenageia todos os que lutaram por nobres causas desde a fundação da UNE em 1937, e também vocês, delegadas e delegados deste Congresso, que tem a enorme tarefa de manter o movimento estudantil consequente e combativo, sempre nas ruas para evitar toda tentativa de retrocesso pelas forças reacionárias, sempre ligadas ao grande capital e ao imperialismo.

A União Brasileira de Mulheres, entidade em defesa da emancipação completa da mulher, identifica-se com todos os setores deste Congresso que almejam a conquista da efetiva soberania, o aprofundamento da democracia, o desenvolvimento nacional pleno com valorização do pólo do trabalho contra o pólo do capital, com distribuição de renda, a reforma universitária progressista, o fortalecimento do SUS e garantia do direito à saúde, dos direitos sexuais e reprodutivos, a democratização da mídia, a reforma agrária e a reforma urbana.

A UBM quer um Brasil produzindo mais riqueza, com melhor distribuição de renda, para melhorar a vida da juventude, de todos os trabalhadores e trabalhadoras, fortalecendo a autonomia e o empoderamento das jovens mulheres. Somamo-nos à luta da juventude na garantia do direito a uma vida sem violência, o que significa o rompimento do silêncio imposto às mulheres, o fim da impunidade e a criação das condições necessárias para a democratização das informações e do acesso às medidas de proteção às mulheres vítimas de violência.

A UBM se soma à UNE nas batalhas para garantir a autonomia econômica e pessoal das jovens mulheres, o que significa reconhecer que elas tem direito a ser donas das suas próprias vidas, que seu corpo não pode ser apropriado, nem tampouco ser objeto de mercantilização. Liberdade implica em poder decidir sobre o corpo e a sexualidade, e na extinção de todas as formas de preconceito e discriminação, como as práticas machistas, racistas e lesbofóbicas.

Para o feminismo emancipacionista defendido pela UBM interessam alternativas que ultrapassem o modo de produção capitalista e que ao mesmo tempo criem condições ambientais para a continuidade da vida humana em condições saudáveis, mas também que possibilitem a alteração das relações sociais proporcionando condições de igualdade entre homens e mulheres, negras, brancas, indígenas. A verdadeira emancipação da mulher só ocorrerá em uma nova sociedade, cujo poder efetivo esteja nas mãos de trabalhadoras e trabalhadores. Porém, mesmo em uma nova sociedade, será necessário romper com as amarras culturais machistas e patriarcais que impedem a verdadeira emancipação social.

Os movimentos de mulheres querem perfilar ombro-a-ombro com o movimento estudantil na luta por essas bandeiras. É imprescindível e é possível, para que nosso país ascenda a um novo patamar de civilização, a uma sociedade de homens e mulheres em igualdade de direitos.

Parabenizamos o companheiro Daniel Iliescu, presidente da UNE que ora encerra sua gestão neste Congresso, e entusiasticamente saudamos a candidata Virgínia Barros para sucedê-lo, em mais um reconhecimento da importância do papel da mulher no movimento estudantil universitário. A UBM ainda tem mais um motivo para saudar a UNE, pois foi de seus quadros que saiu a professora Clara Maria Araújo, a primeira mulher presidenta da UNE da história, eleita em 1982 em Piracicaba, hoje uma importante intelectual na produção teórica sobre o feminismo emancipacionista.

“Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo", escreveu a revolucionária Olga Benário em sua última carta enviada desde um campo de concentração nazista. Que cada estudante aqui possa lutar essa boa luta, ao longo da vida de cada um.

Por um mundo de igualdade contra toda opressão!

“De pé a juventude, força estudantil, junto à UBM a lutar pelo Brasil!”

Viva a UNE, entidade máxima e unitária dos estudantes!

União Brasileira de Mulheres (UBM)