CDDH denuncia “clima de terrorismo” em reintegração em MS

Membros do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) Marçal de Souza Tupã-i estão em Sidrolândia (Mato Grosso do Sul) acompanhando a situação da reintegração de posse das fazendas Buriti e Cambará, na cidade e denunciaram o clima de terrorismo e o caos que está acontecendo no momento.

Sidrolândia

A situação se agravou após a morte do indígena universitário, Oziel Gabriel, de 32 anos, que foi assassinado, nesta quinta-feira (30) em confronto com a Polícia Federal, da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais e a Polícia Militar.

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De acordo com o Centro de Defesa são cerca de 2 mil a 2,5 mil indígenas que permanecem resistindo no local e estão revoltados com a morte de Gabriel, que já foi cacique da Aldeia Córrego do Meio, uma das cinco da reserva Buriti.

Segundo Paulo Angêlo, do CDDH, a situação é preocupante e já são mais de 30 feridos indígenas que se encontram no Hospital. “A situação é revoltante, estamos indignados com uso da força policial, não é assim que vamos resolver essa situação, já temos uma morte, vários feridos e não sabemos onde isso vai acabar”, afirma.

A professora Antônia Joana, que também faz parte do CDDH, informou que os indígenas já avisaram que não sairão das terras em hipótese nenhuma e já cansaram de esperar uma atitude por parte do poder público. “Os indígenas cansaram de esperar, de ouvirem promessas que não foram cumpridas, estão revoltados, assim como nós, com o assassinato brutal do Gabriel. O poder público está sendo omisso, não toma atitude e tememos muito pela situação, pois creio que podemos ter mais mortes de inocentes, que estão lutando pelo seu direito a terra e a uma vida digna”, disse.

Os membros do CDDH Marçal de Souza também ressaltaram que as forças policiais criaram um verdadeiro clima de terrorismo e usaram disparos de arma de fogo e gás lacrimogêneo na tentativa de expulsar os indígenas das terras.

O CDDH/MS já acionou o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Nacional e movimentos como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) em nível estadual e nacional, para que estas entidades possam intervir no Governo Federal e pedir ajuda para que a situação se resolva o mais rápido possível.

A reintegração de posse foi determinada pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva, ontem à tarde. Na ocasião, os índios já tinham anunciado que não sairiam de jeito nenhuma das duas fazendas. O magistrado ordenou o uso da força policial para cumprir a determinação judicial.

De acordo com a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), a imprensa não pode se aproximar dos indígenas internados e há policiais em toda a cidade. 15 lideranças de movimentos sociais foram presas e estão sendo conduzidas para a Capital, Campo Grande.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Fetems