Delegacias registram um caso de racismo por dia no DF

No ano passado, foram 402 ocorrências registradas nas delegacias do DF – uma média de 33 por mês, ou uma por dia. Brasília é a segunda região administrativa com maior número de ocorrências – 62. Perde apenas para Ceilândia, que teve quatro a mais.

racismo

A possibilidade de pagamento de fiança, porém, raramente deixa os agressores presos. Pega em flagrante por agredir verbalmente funcionários da padaria Belini, na 113, após não concordar com o valor de um suco de abacaxi, Nathércia foi solta em menos de 24 horas depois. Para isso, desembolsou R$ 678 (um salário mínimo).

A injúria racial cometida pela aposentada Nathércia de Andrade Rabelo, 48 anos, no último domingo (2), na Asa Sul, engrossa as estatísticas de casos semelhantes no Distrito Federal.

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A aposentada acabou presa depois de dizer que os funcionários da panificadora eram "negros que queriam roubá-la". Segundo as vítimas, ela também empurrou e deu tapas nelas. Nathércia mora na Asa Sul e chegou à padaria por volta das 13h30 de domingo. No balcão, de acordo com as testemunhas, olhou o cardápio e pediu um suco de abacaxi, um quibe e biscoitos. No caixa, questionou o valor da bebida – R$ 5,90 – e começou uma série de agressões verbais contra a caixa da panificadora.

"Gritava que uma negra estava querendo roubá-la. Cheguei para tentar acalmá-la e ela disse que era mais um negro, que ela odiava negros e que eu era um negro que estava me fazendo de coitadinho", lembra Antônio Castro, 27 anos, gerente da padaria. Os gritos da aposentada também fizeram com que a técnica em nutrição do estabelecimento, Elaine da Silva, 32, tentasse conter o tumulto."Quando me aproximei, ela falou que nós, negros, estávamos tentando mandar nela e que, mesmo que chamássemos a polícia, não seria presa", afirma Elaine.

Fonte: Correio Braziliense