Embrapa quer cooperação agropecuária com a Rússia

Principal centro de pesquisa em agronegócios brasileiro está disposto a começar intercâmbio com instituições russas, prestando serviços a ambos os países.

Por Giovanni Lorenzon, no Gazeta Russa

O alinhamento político e comercial entre Brasil e Rússia chega a um novo setor: o agropecuário. É o que mostram as perspectivas de aproximação entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) e governo e instituições de pesquisas russas.

O estágio é bastante inicial. “Mas já foi dada a largada e os primeiros contatos já nos ajudaram a detectar algumas áreas nas quais podemos empreender alguma cooperação”, diz Luciano Nass, coordenador de intercâmbio da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa.

Em março passado, durante o encontro do Comitê Agrário Brasil-Rússia em Brasília, que reuniu delegações dos dois ministérios da agricultura, a Embrapa apresentou diversos modelos de cooperação internacional que opera hoje em vários países.

Um deles, segundo Nass, foi o dos Labex, os Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior, mantidos nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha, Coreia do Sul e com previsão de instalação, até o final de 2013, no Japão.

Essas unidades, que recebem também fisicamente pesquisadores brasileiros em parcerias com os mais importantes centros de investigação, já contribuíram de forma decisiva em vários campos do conhecimento aplicados pelos produtores rurais desses países.

“Eles se mostraram bastante interessados, especialmente porque dominamos o conhecimento científico em setores nos quais a Rússia pretende se tornar menos dependente das importações, e até chegar à autossuficiência”, explica Nass. “Produção de suínos e aves são dois deles”, completa.

Enquanto se discutem possíveis meios de cooperação, até o setor privado russo já mostrou interesse na parceria. Em 2012, técnicos do grupo Tcherkizovo, segundo maior produtor russo de aves e suínos, visitaram a Embrapa Concórdia, em Santa Catarina, especializada nesses produtos.

Interessaram-se, além das pesquisas em questões sanitárias e de melhoramento genético, nos aspectos operacionais da produção que implicam em redução de custos, pontos que a Embrapa domina há anos e que levaram o setor produtivo brasileiro a se tornar um dos mais competitivos do mundo.

Assim, a estatal brasileira poderá oferecer outros modelos de cooperação além do Labex. “Temos autonomia para trabalhar em conjunto diretamente com o setor privado e em projetos com governos estrangeiros, nos quais levamos uma estrutura completa operacional, como em vários países da África e da América Latina”, afirma Nass.

Na mão inversa, Luciano Nass lembra que a Embrapa já demonstrou interesse em absorver conhecimentos russos especialmente na genética da batata, do girassol e do gado. Por meio do Instituto Vavilov e da Academia de Ciências Agrícolas da Rússia, as instituições já tiveram alguma aproximação nos últimos anos.

Os primeiros contatos, desde 2005, ainda não resultaram em nenhum avanço. Mas acredita-se que agora haja uma nova agenda estabelecida, e que a diplomacia dos dois países deva ficar atenta e contribuir para uma nova cooperação.