Jô convoca sociedade contra Estatuto do Nascituro

“A única forma de o Estatuto do Nascituro não ser aprovado é impedir que ele tramite nas comissões. Precisamos nos mobilizar para dizer um sonoro ‘não’ a este retrocesso. Não à bolsa de trinta dinheiros para pagar o sofrimento da mulher estuprada”, disse a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) nas manifestações de entidades feministas contra o projeto do Estatuto do Nascituro, que tramita no Congresso Nacional.

Jô chama sociedade para se mobilizar contra Estatuto do Nascituro

 No último final de semana, houve manifestações em vários estados. Em Belo Horizonte (MG), a deputada, que também é coordenadora da bancada feminina na Câmara, se incorporou a uma passeata que reuniu oito mil manifestantes, segundo cálculos da Polícia Militar.

As manifestações são muito importantes, diz a parlamentar, destacando a importância também de haver um monitoramento muito presente na Câmara para evitar perdas nos direitos e garantias individuais.

Ela disse ainda que é preciso separar a onda regressiva que ocorre na Câmara dos Deputados da situação que a sociedade vivencia. “Nós hoje, em vários momentos, temos manifestações em defesa do estado laico e respeito aos direitos individuais e civis das pessoas. A relação homafetiva já tem cobertura legal e a própria interrupção da gravidez de feto anencefálico já tem cobertura legal”, lembrou.

“(A aprovação da matéria) Não é conservadorismo da sociedade, mas setores da Câmara dos Deputados, e a sociedade começa a tomar consciência desse movimento regressivo tanto que as marchas das minoria são grandes manifestações – dos gays, das mulheres etc – e tem produzido pronunciamentos de vários certos setores contrários à proposta”, afirma Jô Moraes.

“Estuprador não é pai”

Com um cartaz com os dizeres “Não ao Estatuto do Nascituro” e do outro lado “Meu corpo, meu território”, Jô Moraes fez coro com militantes que gritavam palavras de ordem contra a proposição.

“Estado, não me estupre, não ao Estatuto do Nascituro!”, “Estuprador não é pai!”, “Quem decide sobre o meu corpo sou eu”, Conviver com o estuprador não é solução, é violência” e “Tirem seus rosários dos nossos ovários” eram alguns dos dizeres dos cartazes exibidos pelas mulheres contra a proposição batizada de “bolsa estupro”.

“É que além de representar um retrocesso, por atentar contra a autonomia e a dignidade da mulher, segundo Jô Moraes, o projeto ainda quer transformar o estuprador em pai”. O projeto prevê o pagamento de uma indenização pecuniária mensal pelo Estado à vítima do crime sexual que não abortar, até a identificação do estuprador. Depois disso, o pagamento da manutenção do fruto do estupro passa a ser do estuprador, então como figura paterna.

Segunda vez

No último dia 5, a Comissão de Finanças e Tributação aprovou o Estatuto do Nascituro. Para Jô Moraes, o projeto, conhecido como Bolsa-Estupro, “em última instância premia o estupro ao criar bolsa de ajuda financeira para procurar apoiar a mulher vítima de estupro em vez de concentrar na prisão e condenação do estuprador”.

Ela diz que não há aferição da correlação de forças na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) onde a matéria será apreciada em seguida, para fazer uma projeção na tramitação da matéria. E explica que essa é a segunda vez que a matéria é aprovada na Câmara, a primeira vez foi na Comissão de Seguridade Social e Família.

Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Dep. Jô Moraes