Ana Rocha: Mortalidade Materna, prevenção se impõe

Em 2011, 160 mulheres morreram no Estado do Rio de Janeiro por conta de complicações no parto – a chamada morte materna. O número foi divulgado recentemente durante audiência pública na sede do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim).

Por Ana Rocha, Secretária de Políticas para Mulheres do Rio

Segundo o relatório anual da Secretaria de Estado de Saúde sobre Morte Materna, as maiores causas de morte materna direta são hipertensão, hemorragia e aborto.

É muito preocupante que o número de mortes maternas ainda seja tão alto. Apesar da diminuição entre 1990 e 2010 no Brasil (de 141 óbitos por 100 mil nascidos vivos para 68 mortes por 100 mil nascidos vivos), os números continuam alarmantes. A meta do Ministério da Saúde é, até 2015, reduzir para número igual ou inferior a 35 óbitos por grupo de 100 mil. No país, o Estado do Rio de Janeiro tem índice razoavelmente alto de mortalidade materna. Mas os números comparativos não são confiáveis em razão da não investigação de vários casos que não são computados dentro deste índice.

A investigação da causa das mortes e do perfil das gestantes é um primeiro passo para se criar políticas públicas de prevenção que resultem na queda desses números. O Estado do Rio tem feito esforços no combate à morte materna por meio da criação dos Comitês Municipais de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna. O comitê é obrigatório em cidades com mais de 80 mil habitantes. Em 94% dos municípios fluminenses com este perfil, 100% dos óbitos foram investigados. Essa investigação apontou dados relevantes como o fato da maioria dessas mortes ser de mulheres negras.

A Audiência Pública destacou a importância da Rede Cegonha no Município do Rio de Janeiro, que precisa ser mais conhecida das mulheres. Chamou atenção para a necessidade de qualificar o pré-natal como forma de prevenção e de reforçar o papel dos Comitês de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna.

Nesse contexto, a SPM Rio considera importante reforçar o tema da saúde da mulher na pauta de ações e políticas públicas.