Melka Pinto toma posse nesta quinta da União dos Estudantes de PE

A estudante pernambucana Melka Pinto assume na próxima quinta-feira (4), a presidência da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). A cerimônia acontece a partir das 18 horas, no auditório da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Pernambuco (UPE), e tem confirmada a presença da deputada federal e vice-presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos.

Também participarão do ato, o presidente da OAB-PE, Pedro Henrique Reynaldo Alves, e os reitores da UPE, Carlos Fernando de Araújo Calado e da Universidade Federal de Pernambuco, Anísio Brasileiro de Freitas Dourado. 

Terceira jovem mulher pernambucana e progressista a assumir a direção de uma entidade estudantil histórica no estado, Melka concedeu entrevista ao Portal Vermelho-PE no dia 19 de junho – apenas um dia após sua eleição. Durante a entrevista, a líder estudantil fez um relato sobre sua futura atuação à frente da entidade e os desafios que deverá enfrentar em nome dos estudantes pernambucanos.

Vermelho-PE: Como será o jeito feminino de dirigir a UEP?
Melka Pinto: Estudo Enfermagem, tenho em mim essa vontade de cuidar das pessoas. É o que eu já dizia em meus discursos e essa é a minha forma de tratar no DCE da Universidade de Pernambuco. A gente tem de se preocupar com cada estudante, com o que ele tem para falar, e escutá-lo, porque cada um tem anseios diferentes. Então, a gente tem de pautar a gestão diante da preocupação de cada um. Temos de estar preocupados com as pessoas para poder pautar a gestão.

Qual é a pauta da UEP específica para os estudantes de Pernambuco?
A gente continua com as pautas que não são novas, como a regulamentação do ensino privado, pois sabemos que o número de faculdades privadas vem crescendo sem que a gente veja nenhuma regulamentação, inclusive na questão de fiscalizar para garantir a qualidade da educação, do ensino, da pesquisa, da extensão. Também queremos continuar a discussão sobre as 13 autarquias municipais já que nós defendamos a estadualização. Na UPE, por exemplo, a gente debate o Plano Estadual de Assistência Estudantil porque a gente sabe que na UPE, apesar de alguns avanços, como a gratuidade os estudantes que vem do interior, por exemplo, para o Recife não tem condições de se manter, daí a gente defende a pauta da assistência estudantil. Inclusive, a gente fez uma passeata no último dia 3 de abril que colocou os estudantes na rua em Petrolina, Arcoverde, Caruaru e aqui no Recife para dizer que a UPE precisa.

Você que é jovem, que é militante, como avalia esse movimento, essa mobilização que vem ocupando as ruas de diversas cidades brasileiras, tendo com pano de fundo, em princípio, a questão do aumento das tarifas e as más condições do transporte coletivo. O que motiva esse movimento?
Acho que tem vários fatores que contribuem para esse sentimento de indignação dos jovens. A gente deve pautar o transporte público junto com a questão da mobilidade urbana. Então, o que é que a gente aqui no Recife? A questão de aumentar R$ 0,10, R$ 0,15 na passagem do ônibus é que a gente não vê nenhum reflexo na qualidade do transporte público. Quanto à mobilidade urbana, no Recife nós estamos praticamente parados, não existem calçadas no Recife, não tem ciclovias como alternativas, a gente não tem segurança suficiente, não tem iluminação. Aí fica difícil. A questão do valor da passagem é uma coisa que no bolso do estudante é muito complicada, porque muita gente não trabalha e não tem como se manter. Aí é quando a gente pauta o passe livre para que seja também uma questão de garantir a permanência do estudante, o acesso do estudante à universidade.

Como você avalia o fato de neste momento três jovens pernambucanas presidir três importantes entidades do movimento estudantil local e nacional?
Eu já sou presidente do Diretório Central da UPE e acredito que essa minha formação foi muito natural, do dia a dia, da militância. Já fui formada por essa última gestão da UEP e por estar presidindo o DCE e agora o momento que a UEP vive, que o Estado vive, viram em mim a liderança que a UEP estava precisando. Então, acho natural ser a terceira mulher a ocupar a presidência de uma entidade estudantil.

É um novo momento para a mulher nos espaços de poder?
Creio, que nós estamos assumindo os espaços de poder porque estamos mostrando nossa capacidade de liderança, de gestão, de administração.

E a posse da nova direção?
Nós ainda não marcamos a data, mas já estamos pensando em fazer uma posse massiva, para convocar, para passar nas salas de aula para chamar os estudantes, para chamar cada centro, cada diretório acadêmico, governantes, reitores …

Da redação do Vermelho,
com informações de Audicéa Rodrigues, do Recife