Protesto contra a TV Globo fecha Dia Nacional de Lutas em BH

Um grande protesto em frente à sede da TV Globo em Minas Gerais fechou o Dia Nacional de Lutas em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (11). Os trabalhadores protestaram pela democratização da comunicação.


Foto: Joana Tavares

“O protesto em frente à Globo é uma resposta à imagem negativa e tendenciosa que televisão passa à população das manifestações, dos atos e protestos dos movimentos sociais, sindicais e estudantis”, afirmou Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Os trabalhadores percorreram vários quilômetros desde a Praça Sete, passando prefeitura de Belo Horizonte, Banco Central, Assembleia Legislativa e Cemig, onde fizeram um coro e vaiaram a direção da empresa. O coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieltro-MG), Jairo Nogueira Filho, denunciou o repasse de R$ 4,5 bilhões de lucro para acionistas, enquanto a população paga uma das tarifas mais caras do Brasil. Ele também lembrou a média de cinco mortes de trabalhadores da Cemig por ano. “Conseguimos fazer um grande ato hoje em Belo Horizonte e cumprimos nosso papel nessa luta. A manifestação em frente à Cemig foi importante porque a empresa simboliza o que há de pior no atual governo neoliberal em Minas Gerais, com precarização dos serviços e má qualidade dos serviços”, afirma.

Em seguida, os manifestantes seguiram para o Viaduto Elevado Castello Branco e pediram a mudança do nome da via, que lembra o período da Ditadura Militar no Brasil. A substituição seria pelo nome de Helena Grecco, que teve grande importância na defesa dos direitos humanos e da cidadania em Minas Gerais.

A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, afirma que a manifestação não somente foi positiva, como foi melhor que o esperado. "Em Minas construimos uma rede de mobilização que não é formada só por sindicatos, mas por movimentos populares, estudantis, juvenis. Fizemos uma longa caminhada hoje que superou as expectativas", afirma. Ela acredita que o movimento já teve resultados imediatos, como a reunião com o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Dinis Pinheiro (PSDB), mas ainda deve gerar outras mudanças. "São protestos assim que pressionam o governo", diz.

O diretor do Sindieletro-MG, Arcângelo Queiroz, destaca a participação da população e o ambiente de luta pacífica. “O medo não foi para as ruas. As pessoas abriam as janelas, tiravam fotos, acompanhavam das calçadas. Além das questões das centrais sindicais, a manifestação também trouxe reivindicações da classe trabalhadora, como o fim do fator previdenciário e da terceirização e a redução da jornada de trabalho”, afirma.

Paralisação

Desde as primeiras horas do dia, diferentes categorias já haviam aderido à greve geral. No início da manhã, manifestantes se dirigiram às estações do Barreiro, Venda Nova, Diamante e São Gabriel para impedir a saída dos ônibus.

Além disso, os metroviários também aderiram à paralisação e as estações de metrô ficaram fechadas. Uma liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na noite de quarta-feira (10) determinou que o metrô realizasse operação em escala mínima nos horários de pico com 50% dos trens circulando das 5h20 às 9 horas e das 17 às 20 horas. Entretanto, a categoria entendeu que a medida foi abusiva e manteve a paralisação total.

Em Contagem, duas importantes vias da cidade foram fechadas por metalúrgicos no início da manhã. As avenidas Amazonas e Cardeal Eugênio Pacelli foram completamente bloqueadas nos dois sentidos por um grupo de manifestantes.

Protesto tem várias bandeiras

Cumprindo a programação nacional, trabalhadores, estudantes e participantes dos movimentos sociais realizaram nas ruas de Belo Horizonte, do interior de Minas e em todo o Brasil uma grande manifestação em defesa do transporte público de qualidade, investimento de 10% do PIB para a educação e 10% do orçamento da União para a saúde. Também cobraram maior investimento dos estados e municípios para melhorar o atendimento à população. Manifestantes protestaram ainda contra a terceirização sem fim, cobrando o arquivamento do Projeto de Lei 4.330, a eliminação do fator previdenciário e a valorização das aposentadorias.

As bandeiras dos trabalhadores incluíram a defesa da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários e o fim da dispensa imotivada. Além disso, defenderam a reforma política, auditoria nas grandes obras públicas, passe livre para estudantes e o fim das parcerias público-privadas (PPPs).

Fonte: Brasil de Fato