Congo: 130 pessoas morrem em confrontos entre exército e rebeldes

130 pessoas morreram durante dois dias de confrontos entre o exército e os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), ocorridos no leste da República Democrática do Congo.

guerra civil no Congo

"Nossas forças causaram danos significativos aos militantes, 120 morreram e 12 estão sendo mantidos em cativeiro", declarou esta terça-feira (16) o porta-voz do governo, acrescentando que o Exército perdeu em mortos 10 soldados. As forças de paz da ONU, que se encontram atualmente no país, não participaram dos confrontos mas advertiram que estavam prontos para quaisquer medidas, caso os rebeldes avançassem em direção à cidade de Goma.

General brasileiro

Uma escalada recente no conflito entre forças de segurança e rebeldes da República Democrática do Congo (RDC) e desentendimentos diplomáticos envolvendo a nação e seus vizinhos estão dificultando o trabalho do general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz ─ o novo comandante das forças de paz da ONU no país. As forças lideradas por Cruz podem ser arrastadas a qualquer momento para a batalha, que vem sendo travada nos limites da maior cidade do leste da RDC, Goma, e já teria deixado mais de uma centena de mortos.

Ele foi o militar escolhido pelo Conselho de Segurança para liderar a ação devido a sua experiência prévia na missão de paz no Haiti. Cruz liderou os capacetes azuis no período final da tomada do último reduto rebelde em Porto Príncipe.

A operação na RDC tem uma unidade militar especial, chamada de Brigada de Intervenção, que estará completa com três mil homens e terá características de força de ataque ─ com contingentes de artilharia, aviação e comandos. Essa força possui suporte legal para não apenas se defender, mas atacar os mais de 50 grupos rebeldes que operam no leste do Congo, especialmente na província do Kivu Norte.

Cruz, que está no país desde o fim de maio, não ordenou ainda nenhuma grande operação ofensiva contra rebeldes. No último domingo (14), quando preparava medidas para impedir ações de grupos armados no norte da província, ele foi surpreendido por um conflito de larga escala nas redondezas da principal cidade do leste, Goma, onde estão estacionadas a maior parte das forças da ONU na região.

Batalha intensas

O confronto ocorre entre o Exército do governo e rebeldes do M23, um grupo formado por ex-militares treinados que desertaram das Forças Armadas levando grande quantidade de armamento pesado. Eles fazem oposição ao governo e teriam recebido financiamento do governo de Ruanda, segundo relatórios da ONU.

Esta é a batalha mais intensa entre as duas forças em meses. O confronto começou por volta das 14h do domingo. Rebeldes do M23 alegaram ter sido atacados pelo Exército do governo. Já as forças de segurança afirmaram que as hostilidades foram provocadas pelo grupo armado. A batalha perdeu força durante a noite porque os dois lados possuem pouco equipamento para combater no período noturno, mas logo no início da manhã as hostilidades recomeçaram com força e continuaram durante toda a segunda-feira. Centenas de moradores abandonaram as regiões mais periféricas da cidade, procurando refúgio atrás das montanhas de Muningi, onde o gen. Cruz montou a principal linha de defesa da cidade.

Negociações de paz acontecem em Uganda, mas tensão aumenta entre a ONU e o M23
Segundo uma fonte da ONU, não houve envolvimento das Nações Unidas na batalha até então porque as forças do governo estavam conseguindo resistir ao ataque e manter a posição de Kibati ─ uma vila próxima a Goma que fica dentro da área de ação do M23. Há, porém, a possibilidade de que os militares congoleses peçam apoio aos capacetes azuis.

Também não pode ser descartada a hipótese de que a ONU seja arrastada para o confronto se os rebeldes do M23 avançarem em direção a cidade de Goma. O general Santos Cruz já havia deixado claro para seus subordinados que qualquer ataque rebelde contra posições da ONU "deve ser retaliado com força total, sem economia de recursos e armamentos".

Até a noite desta segunda-feira a ONU ainda acompanhava a batalha entre rebeldes e forças de segurança a distância. Os combates em curso desde domingo (14) em Mutaho, perto de Goma (leste da República Democrática do Congo), fizeram 130 mortes, incluindo 120 rebeldes e 10 soldados, declarou nesta segunda-feira o porta-voz do governo congolês. Os confrontos começaram domingo à tarde em Mutaho, cerca de dez quilômetros ao norte de Goma, e prosseguem nesta segunda. Disparos de morteiros eram ouvidos dos arredores de Goma, segundo fontes locais. Envolveram, até o momento, apenas rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23) e soldados do Exército congolês. As forças da ONU não interviram, segundo o porta-voz.

M23

O M23 é formado por ex-soldados congoleses que se amotinaram e encontraram, de acordo com a RDC e as Nações Unidas, apoio em homens e munições dos governos de Uganda e de Ruanda. Ambos os países negam qualquer assistência ao M23.

"Durante várias semanas, os rebeldes e seus aliados ruandeses reforçaram suas posições nos arredores de Kibati, perto de Mutaho", assegurou Mende. O movimento rebelde, que chegou a ocupar Goma durante dez dias em novembro de 2012, deixou a cidade sob pressão dos países da região em troca de negociações com o governo. As discussões estagnaram com o avanço do M23 e a integração de seus homens nas forças armadas (FARDC).

Com agências