MP investiga mesada de policiais pagas por traficantes

Dois delegados e cinco investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram presos como suspeitos de integrarem uma quadrilha que vendia informações para traficantes de drogas ligados à facção criminosa PCC. Além do crime de formação de quadrilha, policiais são suspeitos de corrupção, extorsão, sequestro, tortura e roubo. Mais seis policiais estavam com mandados de prisão e eram considerados foragidos.

Entre os sete presos estão Clemente Castilhone Junior, chefe do setor de inteligência do Departamento de Narcóticos (Denarc), homem de confiança do diretor do órgão e integrante do grupo de trabalho dos governos estadual e federal para medidas de combate ao crime organizado.

Ele e Fábio Alcântara, também delegado do Denarc, são suspeitos de vazarem informações sobre a operação. O Ministério Público diz que eles recebiam propinas de até R$ 660 mil por ano para informar os criminosos sobre operações e evitar que eles fossem detidos.

Os valores eram divididos em uma anuidade de até R$ 300 mil e mensalidades que chegavam a R$ 30 mil.

Os pedidos de prisão surgiram de uma investigação do Gaeco (grupo de promotores que investigam crime organizado) de Campinas.

Os alvos iniciais eram traficantes ligados a Wanderson Nilton Paula Lima, conhecido como Andinho, que está há 11 anos preso e é considerado um dos chefes do PCC.

No decorrer das investigações, os promotores flagraram policiais que atuam ou já atuaram no Denarc tomando dinheiro dos traficantes. Em alguns casos torturavam familiares dos criminosos para obter os recursos.

Em um grampo telefônico, Andinho chegou a reclamar para um bandido que estava cansado de pagar propina para policiais civis. Apesar de estar preso na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, o criminoso tem acesso a telefone celular "o dia inteiro", segundo o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho.

Ameaças

Ontem, um traficante ligado a Andinho também foi preso. Flaviano de Lima de Oliveira, 36, foi detido na casa dele, em Serrana, a 313 km da capital paulista.

Conforme a Promotoria, Oliveira, também conhecido por Gardenal ou Aquiles, era um dos fornecedores de drogas para a região de Campinas. Ele é suspeito de fazer ameaças de morte contra os promotores do Gaeco de Campinas a mando de Andinho.

O advogado do delegado Castilhone, João Batista Augusto Filho, disse que seu cliente não tem relação com os crimes pelos quais está sendo investigado. O defensor do delegado Fábio Alcântara não foi localizado. Ao ser detido em Serrana, Flaviano Oliveira disse à polícia que só falaria à Justiça.

Fonte: Folha de S. Paulo