Milhares de partidários do ex-presidente do Egito vão às ruas

Milhares de partidários do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, inundaram as ruas de diversas cidades do país nesta sexta-feira (19), criando um clima de expectativa e tensão diante da possível erupção de atos violentos.

Na cidade de Alexandria, seguidores de Murso, preso há 16 dias, se concentraram e marcharam nas ruas da cidade, a segunda em importância do país, onde há algumas semanas opositores queimaram sedes da Irmandade Muçulmana e do Partido Liberdade e Justiça, braço político do movimento religioso, em incidentes que resultaram na morte de várias pessoas.

Na cidade do Cairo, militares e forças policiais foram acionadas e posicionadas em torno do Ministério da Defesa e do quartel general da Guarda Republicana. Manifestantes que se dirigiam a esses locais foram desviados, sem que se houvesse registros de choques, apesar do clima existente de enfrentamento.

Outra concentração islamista ocorreu nas ruas que levam à Universidade do Cairo, na província vizinha de Gizé, a pouca distância das pirâmides que servem como símbolos do país há milênios.

No dia 8 de julho um conflito iniciado diante da sede da Guarda Republicana resultou em 51 mortes, 53 segundo meios não oficiais, mais de 200 feridos e 400 detidos, dos quais cerca de 200 continuam presos.

Outros conflitos nesta semana na cidade do Cairo custaram a vida de sete pessoas e mais de uma centena de feridos, segundo dados oficiais.

Opositores do presidente derrubado também foram às ruas, embora em menor número, para apoiar sua queda, e se concentraram diante do palácio presidencial de Ittihadiya e na Praça Tahrir, os mesmos locais onde milhares de pessoas protestaram em fins de junho, provocando a intervenção dos militares.

Os partidários de Mursi reiteraram nesta sexta que darão prosseguimento aos protestos em busca de sua reinstalação no poder, uma possibilidade que parece cada vez mais distante com a passagem das horas e causa irritação nos moradores das áreas próximas às manifestaçõs, que se queixaram dos danos à saúde que podem ocorrer um um local tomado por milhares de pessoas 24 horas por dia.

Meios de comunicação da Irmandade Muçulmana ratificaram nesta sexta suas negativas de iniciar conversações com as novas autoridades, apesar da exortação do presidente provisório, o advogado Adli Mansour, cujo gabinete está apoiado pelas Forças Armadas e pelo Ministério do Interior.

De nenhuma das partes do poder se elevou alguma voz pedindo para que o poder seja restituído a Mursi, pelo menos até o fim desta sexta-feira.

Esta semana, as novas autoridades receberam as visitas do vice-secretário de Estado dos EUA, William Burns, que disse que seu governo é neutro nesta crise, e da chefe de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, que se pronunciou pela libertação dos dirigentes islamistas, inclusive do deposto presidente Mursi.

Enquanto milhares de membros da Irmandade Muçulmana e organizações islâmicas afins insistem em seus protestos, no céu, esquadrilhas de caças-bombardeiros da Força Aérea executavam desde o meio-dia uma exibição acrobática, em homenagem à guerra do Ramadã, de 1973, comemorada sempre no décimo dia do mês lunar islâmico.

Fonte: Prensa Latina