Exclusão de Dirceu e Genoino da direção do PT gera debate interno
A possível exclusão do ex-deputado José Dirceu e os deputados paulistas José Genoino e João Paulo Cunha, da chapa que concorrerá ao Diretório Nacional do PT a partir de 2014 gerou polêmica interna no partido. Os integrantes da direção partidária têm marcado, para este sábado (20), uma reunião para debater sobre o futuro da legenda e as eleições do ano que vem.
Publicado 20/07/2013 08:32
Segundo fonte próxima aos fatos, em entrevista ao Correio do Brasil, o partido busca novas configurações internas visando as eleições de 2014. “É sabido que haverá uma nova configuração no Partido, com paridade de mulheres, cota de jovens e uma nova composição nos estados, o que tende a mudar, substancialmente, a silhueta do PT. Mas na questão da presença de Dirceu, Genoino e João Paulo Cunha, o que está havendo são leituras diferentes do jogo de poder que emana das ruas, das manifestações. Essa tendência tende a ser revista neste sábado, pois a chapa não está fechada. Pode mudar até terça-feira [23] da semana que vem”, afirmou a fonte.
A simples ideia de não contar com líderes históricos na direção do PT – réus na Ação Penal 470, no processo denominado pela mídia conservadora como ‘Mensalão’ – foi suficiente para gerar, nas redes sociais, uma série de protestos. Editor do site Opera Mundi, Breno Altman classificou o afastamento dos líderes petistas de “uma decisão vergonhosa”.
“Se o PT considera que o julgamento foi de exceção, a revelia das provas e das normas constituicionais, por que a principal corrente partidária afasta dirigentes históricos da chapa para as próximas eleições internas?”, questionou.
Dirceu integra a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) – chapa que apoia a reeleição do presidente do PT, Rui Falcão. Na avaliação da fonte ligada à direção do partido, no entanto, “houve uma precipitação sobre os rumos do julgamento, a partir da pressão das ruas”. Erros graves no relatório da AP 470 se consolidam como uma “alternativa viável” à liberdade de Dirceu e Genoino”.
“Está cada vez mais evidente, tanto para o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto para os brasileiros, que o relator da Ação, ministro Joaquim Barbosa, cometeu erros graves que, corrigidos pela nova configuração do Plenário da Corte Suprema, mudam diametralmente as penas prolatadas na sentença”, afirmou.
Ano passado, logo após a série de condenações, o partido chegou a manifestar apoio públicos aos réus. Diante da decisão do diretório, de afastá-lo da direção do partido, Genoino optou por não polemizar e aceitou a medida.
“Eu não tenho preocupação em sair da chapa, mesmo porque não queria estar na direção desde que deixei a presidência do PT. Nunca reivindiquei nada e acho isso absolutamente normal”, disse Genoino ao diário conservador paulistano Estado de S. Paulo.
Dirceu e João Paulo Cunha, no entanto, preferem falar somente após a reunião deste sábado, que contará com a presença da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apelou à união do PT ao projeto de reeleição da presidenta. O encontro deverá servir também para uma avaliação do comando do PT sobre as dificuldades do governo após os protestos nas ruas, cenário econômico e a crise com o PMDB.
“Acho que a reunião do Diretório Nacional, neste sábado, promete ser quente. Embora seja da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), creio que as críticas da (corrente) Mensagem ao PT estão ajudando a tirar o partido da letargia”, comentou um militante do Rio de Janeiro. A reunião visa mostrar à opinião pública que Dilma não está isolada e conta com o apoio de seu partido para 2014, apesar da nota dissonante do afastamento de Dirceu e Genoíno da direção partidária.
Fonte: Correio doBrasil