Mostra de Cinema em SP: Pungentes imagens de um imenso Portugal

A 2ª Mostra Cinema Português Contemporânea está na Caixa Cultural São Paulo até 28 de julho e homenageia o diretor Fernando Lopes e aqueles que influenciou.

Por Orlando Margarido, na Carta Capital

No longa "A Cara Que Mereces", Miguel Gomes mostra sua verve experimental

Tanto quanto o cinema de Manoel de Oliveira se tornou a nós familiar pela teimosia de alguns em sabê-lo primordial, uma respeitável produção de Portugal prossegue desconhecida. Com ela também uma visão da história moderna daquele país. O nome de Fernando Lopes parece se encaixar de modo exemplar nesses dois contextos.

Pouco se viu por aqui da obra desse diretor morto em maio do ano passado, aos 76 anos, que inclui títulos de referência como Uma Abelha na Chuva (1972) e O Delfim (2002), retratos simbólicos de uma condição opressiva e agonizante do período de Salazar. Esses e mais quatro títulos integram a homenagem da 2ª Mostra Cinema Português Contemporânea.

Até dia 28, na Caixa Cultural de São Paulo, também podem ser vistos mais 20 filmes, entre longas e curtas-metragens.

Figura central do novo cinema português, Lopes dizia querer entender as misérias e grandezas de seu país, pensamento que desfia em documentário. Foi assim que se lançou, em 1964, ao primeiro longa, Belarmino, sobre um famoso boxeador, e procurou entender a nova sociedade em Lá Fora (2004), todos na programação. Influenciou colegas de geração, como João Botelho, representado por Filme do Desassossego, baseado em Fernando Pessoa, e o mais jovem, Miguel Gomes.

Em cartaz com o belo Tabu, mostra sua verve experimental no longa de estreia A Cara Que Mereces (2004), um partido muito particular dos contos de fada. Como é Branca de Neve, de João César Monteiro, outro dos mais originais realizadores lusitanos, num filme que desassossegou o Festival de Veneza em 2000.

Fonte: Carta Capital