EUA condena por espionagem soldado que contribuiu com Wikileaks

Um tribunal militar dos Estados Unidos condenou nesta terça-feira (30) o soldado Bradley Manning, acusado de vazar documentos para o WikiLeaks sobre as guerras no Iraque e Afeganistão, foi inocentado da acusação de traição ou "conluio com o inimigo". Mas Manning, de apenas 25 anos, foi considerado culpado de cinco acusações de espionagem, cinco de furto, uma de fraude eletrônica e outras infrações militares, o que pode chegar a somar 136 anos de dentenção.


Dezenas de manifestantes protestam pela libertação de Bradley Manning nesta terça-feira (30) / foto: Gary Cameron/Reuters

O soldado forneceu ao Wikileaks vídeos de ataques aéreos em que civis foram mortos, centenas de milhares de informações sobre incidentes nos fronts das guerras do Iraque e do Afeganistão, dossiês de homens presos sem julgamento em Guantánamo e cerca de 250 mil despachos diplomáticos.

Durante as oito semanas do julgamento, a promotoria insistiu em acusar Manning de ter colaborado com inimigos dos EUA, como a rede terrorista Al Qaeda, enquanto a defesa argumentava que seu objetivo era apenas mostrar à sociedade os bastidores do Exército norte-americano e das guerras em que o país se envolveu. Se fosse condenado por essa acusação, o soldado poderia ser sentenciado à prisão perpétua, sem possibilidade de redução.

A sentença final deverá ser anunciada a partir de quarta-feira (31), quando será iniciada audiência na base militar de Fort Meade, nos arredores de Washington, onde aconteceu o julgamento.

Durante a sessão desta terça, dezenas de grupos que apoiam Manning estavam no local antes da leitura do veredicto. Ativistas e comunicadores da imprensa alternativa elogiaram a ação do soldado.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse na segunda (29) que, se o soldado norte-americano fosse declarado culpado por "ajuda ao inimigo" por vazar informações confidenciais dos Estados Unidos, seria aberto um precedente muito sério que levaria ao fim o jornalismo investigativo.

A Anistia Internacional também comentou sobre o caso, afirmando que "não é difícil tirar a conclusão de que este julgamento de Manning serviu para enviar uma mensagem: o governo dos EUA vai perseguir-vos".

Na função de analista de inteligência, Manning tinha acesso a informações sigilosas. Em conversas com o "hacker" Adrian Lemo, reveladas pela revista "Wired", o soldado afirma que alguém transferiu "dados de rede sigilosos" para "um australiano de cabelo branco" – Julian Assange, cofundador do WikiLeaks. Esse alguém era o próprio Manning, que transferiu os dados classificados gravados em um CD que, originalmente, tinha músicas da cantora americana Lady Gaga.

Ele está preso desde maio de 2010, quando foi detido no Iraque. Atualmente, está na prisão de Fort Leavenworth, no Kansas (centro dos EUA).

Com agências