Em SP, Dilma faz um chamado pelo enfrentamento da desigualdade

A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira (31) a destinação de R$ 8 bilhões em investimentos federais para São Paulo. Os recursos irão contemplar as áreas de mobilidade urbana, drenagem e recuperação de mananciais. Em seu pronunciamento, Dilma afirmou que os investimentos terão impactos efetivos na melhoria das condições de vida da população da capital paulista e fez um chamado ao enfrentamento das bases da desigualdade.

Por Mariana Viel, da redação do Vermelho

Dilma abordou a questão das ‘megacidades’ que impõem grandes desafios aos governos em função da grande concentração de pessoas em territórios de médio porte. “São Paulo é uma megacidade desafiadora. Grandiosa no tamanho de sua população e na diversidade de seus problemas”. 

Segundo a presidenta, os investimentos em mobilidade urbana são essenciais para compensar a distribuição urbana desigual — que concentra a maior parte dos trabalhadores na periferia das grandes cidades. A capital paulista tem hoje uma população estimada em 11 milhões de pessoas, cerca de 55% deste total é usuária do transporte público. “Uma das questões mais importantes do ponto de vista social e econômico é o transporte”, afirmou.

Dilma lembrou que esta não foi a primeira vez que veio a São Paulo anunciar recursos federais em obras na cidade, mas afirmou que foi a maior quantia de investimentos concentrados disponibilizados de uma só vez pelo governo federal. Entre as prioridades da cidade está a construção de 99 km de corredores de ônibus. A previsão é que algumas obras já sejam iniciadas nos próximos dias.

De acordo com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, serão destinados R$ 3 bilhões exclusivamente para corredores de ônibus e terminais de integração. Além disso, será R$ 1,4 bilhão para drenagem, R$ 2,2 bilhões para recuperação de mananciais e R$ 1,5 bilhão para construção de moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida. Sobre os riscos para as populações que moram às margens de mananciais, a presidenta assegurou a construção de 15 mil moradias para realocar essas famílias.

Ela comentou ainda os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgados na última segunda-feira (29), que apontam um avanço no enfrentamento das desigualdades do país de quase 50% nas últimas duas décadas. Para Dilma, o índice consolida a “tendência de crescimento sustentável e constante”. Ela destacou a redução da desigualdade nas regiões norte e nordeste do Brasil.

Em referência à atuação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que comandou o Ministério da Educação, entre 2005 e 2012, Dilma exaltou o intenso crescimento da área como o que mais contribuiu para o avanço do IDHM. E reforçou o compromisso do governo federal com a Educação e seus reflexos na construção do futuro do Brasil.

Para a presidenta, o desafio da mobilidade urbana deve ser incorporado ao IDHM. “Tenho certeza que o prefeito Haddad é um grande parceiro e irá nos ajudar, assim como fez na educação, a fazer pela mobilidade urbana. Assim como fomos capazes de melhorar tudo isso podemos, com trabalho árduo, devolver do tempo das pessoas”. Dilma saudou ainda a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão (PCdoB) a quem definiu como uma mulher que muito orgulha as brasileiras por sua “capacidade e competência”.

Alinhamento

Em seu discurso, Haddad reforçou que a capital paulista não deixará escapar nenhuma oportunidade de parceria com os governos federal e estadual. Ele disse que os investimentos anunciados pelo governo federal “praticamente dialogam com todas as regiões da cidade”.

O prefeito disse ser um erro acreditar que pelo fato de São Paulo ser uma cidade de grandes dimensões e de importância para todo ao país, não precisa de investimentos ou parcerias. "O maior equívoco do passado foi acreditar que nossa grandeza nos dava a possibilidade de isolamento. Temos que nos alinhar, buscar parceria para crescer ainda mais, porque o sucesso de São Paulo faz parte do sucesso do Brasil e vice-versa."

Haddad falou que sua ‘obsessão’ ao longo dos próximos quatro anos será construir um alinhamento estratégico entre os governos municipal, estadual e federal e afirmou que a cidade ‘é grande demais para se isolar’. “Vou buscar incansavelmente o alinhamento que vai colocar São Paulo no mapa do investimento. O cidadão não cansa de trabalhar por São Paulo, e São Paulo não cansará de trabalhar por seus cidadãos”.