Fórum Social dos Migrantes defende médicos estrangeiros

O Fórum Social pelos Direitos Humanos e Integração dos Migrantes no Brasil, coletivo composto por mais de 30 organizações entre associações de imigrantes, centrais sindicais, grupos culturais e centros de defesa dos direitos dos imigrantes, está divulgando uma Carta em apoio ao ingresso de médicos de outros países para atuarem no Brasil.

No documento, conforme informações do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, o Fórum critica a posição de entidades corporativas como Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), Federação Nacional dos Médicos e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que vem se mobilizando contra a medida do governo federal.

Segundo a carta, não procedem as críticas de que os médicos estrangeiros causariam uma concorrência desleal, roubando as vagas dos médicos brasileiros – até porque, prioritariamente, as vagas serão oferecidas a esses últimos. A avaliação é de que nesse medo reside a primeira das faces da xenofobia – conscientemente ou não – nas mobilizações contra a vinda de estrangeiros: "a ideia de que "eles” vêm para roubar "nossos” empregos.” Ideia semelhante à de países que historicamente recebem grande fluxos migratórios e que usam os imigrantes como bodes expiatórios de suas crises. "Tal posição é frequentemente criticada por países em desenvolvimento, não se excluindo o povo brasileiro, que gaba-se do mito de sua suposta hospitalidade exemplar”.

O fórum manifesta ainda solidariedade aos médicos cubanos e, por extensão, a todos os profissionais imigrantes impedidos de exercer a profissão por processos de revalidação "preconceituosos”, feitos deliberadamente com o intuito de excluir estrangeiros. "Também repudiamos as declarações xenófobas das diversas entidades e protestos de rua que se opuseram, de maneira extremamente intolerante e desinformada, à vinda desses profissionais ao país”.

Do documento assinala ainda que, apesar das entidades vinculadas aos médicos, ainda insistirem em afirmar que não é um problema a falta de profissionais, essa hipótese é indefensável frente aos números fornecidos pelo Ministério da Saúde quando do lançamento do programa.

Fonte: Adital

A página do Mais Médicos informa: em 2011, 18.722 médicos entraram no primeiro emprego e 14.634 profissionais estavam saindo da faculdade, ou seja, uma proporção de 1.44 vagas para cada egresso de medicina; nos últimos 10 anos, foram criadas 147 mil vagas de emprego e 93.156 médicos se formaram. Essa diferença gerou um déficit de 54 mil postos de trabalho nesse período; o Brasil possui apenas 1,8 médicos por mil habitantes, índice menor do que em outros países, como a Argentina, Portugal e Espanha, ambos com 4 por mi; além disso, o país sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões: 22 estados estão abaixo da média nacional.