Fórum Social dos Migrantes defende médicos estrangeiros
O Fórum Social pelos Direitos Humanos e Integração dos Migrantes no Brasil, coletivo composto por mais de 30 organizações entre associações de imigrantes, centrais sindicais, grupos culturais e centros de defesa dos direitos dos imigrantes, está divulgando uma Carta em apoio ao ingresso de médicos de outros países para atuarem no Brasil.
Publicado 03/08/2013 11:19
No documento, conforme informações do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, o Fórum critica a posição de entidades corporativas como Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), Federação Nacional dos Médicos e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que vem se mobilizando contra a medida do governo federal.
Segundo a carta, não procedem as críticas de que os médicos estrangeiros causariam uma concorrência desleal, roubando as vagas dos médicos brasileiros – até porque, prioritariamente, as vagas serão oferecidas a esses últimos. A avaliação é de que nesse medo reside a primeira das faces da xenofobia – conscientemente ou não – nas mobilizações contra a vinda de estrangeiros: "a ideia de que "eles” vêm para roubar "nossos” empregos.” Ideia semelhante à de países que historicamente recebem grande fluxos migratórios e que usam os imigrantes como bodes expiatórios de suas crises. "Tal posição é frequentemente criticada por países em desenvolvimento, não se excluindo o povo brasileiro, que gaba-se do mito de sua suposta hospitalidade exemplar”.
O fórum manifesta ainda solidariedade aos médicos cubanos e, por extensão, a todos os profissionais imigrantes impedidos de exercer a profissão por processos de revalidação "preconceituosos”, feitos deliberadamente com o intuito de excluir estrangeiros. "Também repudiamos as declarações xenófobas das diversas entidades e protestos de rua que se opuseram, de maneira extremamente intolerante e desinformada, à vinda desses profissionais ao país”.
Do documento assinala ainda que, apesar das entidades vinculadas aos médicos, ainda insistirem em afirmar que não é um problema a falta de profissionais, essa hipótese é indefensável frente aos números fornecidos pelo Ministério da Saúde quando do lançamento do programa.
Fonte: Adital
A página do Mais Médicos informa: em 2011, 18.722 médicos entraram no primeiro emprego e 14.634 profissionais estavam saindo da faculdade, ou seja, uma proporção de 1.44 vagas para cada egresso de medicina; nos últimos 10 anos, foram criadas 147 mil vagas de emprego e 93.156 médicos se formaram. Essa diferença gerou um déficit de 54 mil postos de trabalho nesse período; o Brasil possui apenas 1,8 médicos por mil habitantes, índice menor do que em outros países, como a Argentina, Portugal e Espanha, ambos com 4 por mi; além disso, o país sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões: 22 estados estão abaixo da média nacional.