TV Cultura: um Roda Viva abertamente tucano?

Sob a presidência do grão-tucano Marcos Mendonça, TV Cultura pede mais verbas ao governo do Estado para atingir a classe C; mudança no Roda Viva troca Mario Sergio Conti, ex-diretor de Veja, para a volta de Augusto Nunes, ex-redator chefe da mesma revista; hoje blogueiro de Veja, Nunes especializou-se em disparar vitupérios sobre o ex-presidente Lula e todo o chamado campo progressista.

Por Marco Damiani

Roda Viva tucana

Dezoito anos atrás, fiz parte da bancada que entrevistou Lula no programa Roda Viva, ainda não presidente da República. Anuncia-se agora, no contexto de uma forte guinada nos rumos editoriais e estratégicos da TV Cultura, o início dessa mudança pelo mesmo Roda Viva.

Está confirmado o afastamento, por motivos não explicados, do jornalista Mario Sergio Conti do comando do programa, principal jornalístico do canal. Conti, ex-diretor de redação da revista Veja, devolveu relevância àquele foro eletrônico de entrevistas, cujo formato foi criado por Roberto Muylaert, acertando na mosca da pauta. Ele foi derrubado pelo atual presidente da Fundação Padre Anchieta, o grão-tucano Marcos Mendonça.

As primeiras informação, até aqui não confirmadas pela emissora, dão conta da volta do jornalista Augusto Nunes à apresentação do Roda Viva. Atualmente, ele é blogueiro do site da revista Veja, no qual se especializou em disparar vitupérios, ironias e chutes de bico contra muito do que se move no chamado campo progressista mas, especialmente, do ex-presidente Lula – certamente o maior representante individual desse setor político.

Lula, com Nunes, poderia voltar a falar no Roda Viva? Haverá espaço para ele ou outros personagens de destaque na sociedade que não se alinhem ao eixo Veja-PSDB? O projeto que vai sendo executado por Mendonça permite levantar esse tipo de dúvidas?
Neste momento, o ex-secretário da Cultura dos governos Mario Covas e Geraldo Alckmin pede mais verbas a Alckmin para redirecionar a Cultura para a classe C, buscando uma ampliação de audiência e influência política.

A troca no Roda Vida está no centro desse projeto, por se tratar, de longe, do programa de maior repercussão da emissora. O nome de Nunes ainda não foi confirmado talvez pelo peso que ele, neste momento, acarrete. Até mesmo para um projeto de comunicação que poderá ser mais partidário do que público, o nome dele pode soar como estreito demais.

Mendonça, por seu lado, é um grão tucano. Foi vereador, presidente da Câmara Municipal, secretário estadual de Cultura em dois governo, deputado federal e, desde este ano, manda na Padre Anchieta. Ele fez fama ao ser o coordenador da reforma da Sala São Paulo, com preço recorde.

As receitas totais previstas para 2013 para a Fundação Padre Anchieta são de de R$ 194,2 milhões –sendo R$ 82,8 milhões repassados pelo Estado e o restante de recursos próprios

Com informações do portal Brasil 247