Capacidade industrial instalada avança; E agora José?

Compondo a onda positiva de resultados da última semada e contrariando as previsões do profetas midiáticos, que desenham um Brasil do caos, os indicadores industriais de junho apresentaram resultados positivos. Os dados, publicados no último dia 7, são da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Para a CNI os números continuarão subindo.

Joanne Mota, para o Portal Vermelho

De acordo com a entidade, a previsão é que o desempenho da indústria no segundo semestre seja melhor do que no primeiro semestre de 2013. No entanto, a CNI alerta que esse crescimento poderia ser maior se não fosse a mudnaça de posição adotada pelo Banco Central em aumentar os juros.

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De acordo com a pesquisas, a CNI reconheceu que os resultados positivos são fruto da política cambial adotada nos últimos meses, que torna o ambiente mais favorável aos exportadores brasileiros. A isso poderemos somar ainda a redução da taxa de energia, desoneração da folha, o estímulo para o fomento da infraestrutura do país, a valorização dos salários e a conjuntura similar ao pleno emprego, esses pontos foram centrais para a recuperação observada.

Alguns índices

Os indicadores do setor apontam que, de maio a capacidade instalada da indústria ficou em 82,2% em maio. Em maio de 2012, era de 82,1%. O faturamento subiu 6,1% ante o mesmo período em 2012. Outro dado positivo é o da massa salarial real, 3% em relação a maio de 2012.

No que se refere às vendas reais, o faturamento do setor subiu 0,5% em junho e acumulam uma alta de 5,3% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2012.

No que se refere às horas trabalhadas, este índice aponta crescimento de 2,2% na comparação com maio deste ano e 0,4% em relação a junho de 2012. No acumulado dos seis primeiros meses deste ano, as horas trabalhadas apresentam um aumento de apenas 0,1%. O emprego na indústria de transformação subiu 0,2% em junho ante maio e 0,8% ante junho de 2012. O crescimento é de 0,5% no acumulado do primeiro semestre de 2013.

E agora José?

Mesmo com dados mais positivos, está claro que ainda há um longo caminho pela frente para tornar esse setor mais competitivo. Investimentos em ciência e tecnologia são fundamentais nesse processo, bem como a ampliação dos investimentos no setor produtivo. O Brasil não pode mais ficar refém da commodities, ele precisa produzir produtos com maior valor agregado.

Nesse sentido, o nosso parque carece de uma nova arrancada. Isso por quê? Porque 70% da produção são de empresas de pequeno e médio porte. Antes da crise econômica de 2008, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) estava em 86,1% em um turno. Com a crise, caiu para 80,8%. Atualmente está em 76,1%, um dos mais baixos dos últimos 40 anos (dados de 2012).

Esse pequeno recorte demonstra o quão central é a batalha pela reindustrialização no Brasil. E mais, a defesa do desenvolvimento passa por essa luta. Sabemos que atual receita adotada para o Brasil é desenvolvimento com inclusão social, a essa receita seria interessante inserir 'valorização do trabalho'. Ou seja, modernizar e ampliar o parque industrial no Brasil significa valorizar e ampliar os direitos dos trabalhadores, que fazem a roda deste setor girar.

E mais, é chegada a hora de se consolidar um ambiente que garanta maiores investimentos e melhoria de nossa infraestrutura, um dos caminhos é diminuindo o ralo por onde corre o superávit primário. Outro ponto nocivo ao nosso desenvolvimento é a prática rentista, esta deve dar lugar a um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e justiça social. E isso só será possível com a ampliação de financiamentos de longo prazo e projetos estruturantes, uma responsabilidade que não deve ser somente assumida pelo Estado.