Chefe da Tropa de Choque de São Paulo cai

Quase dois meses após a contestada atuação da Polícia Militar nos protestos de junho, o governo do estado de São Paulo, de Geraldo Alckmin (PSDB), trocou o comando de sua Tropa de Choque. Nesta semana, o coronel César Augusto Morelli foi demitido do cargo que ocupava havia quase dois anos. A nova função será exercida pelo coronel Carlos Celso Savioli, que estava no comando da PM na Baixada Santista.


Tropa de choque da policia militar dispara contra manifestantes mesmo sob gritos de não violência na Avenida Consolação, em 13 de junho de 2013 / Mídia Ninja

'Segui ordens e ganhei parabéns nas manifestações', diz ex-comandante. De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo, que ouviu sete oficiais da Polícia Militar, a queda de Morelli se deve principalmente a três razões.

A primeira sem dúvida é a ação nos protestos de junho, que levaram à queda das tarifas de transporte. Inicialmente, a tropa reprimiu os manifestantes de forma violenta, como na fatídica quinta-feira, 13 de junho, na av. Paulista. Depois, foi criticada por ter demorado a agir, como em 18 de junho, quando houve ameaça de invasão à sede da prefeitura.

Também foi citada, em segundo lugar, a proximidade de Morelli com Antonio Ferreira Pinto, antecessor de Fernando Grella Vieira na Secretaria da Segurança Pública. Outro fator foi o envio de equipes sob o seu comando, como a Rota, para ações no interior do Estado sem avisar o secretário.

Há ainda questões internas, incluindo divergências com oficiais mais jovens.A substituição não foi feita antes, segundo os oficiais ouvidos pela Folha, porque a PM não costuma trocar comandantes em meio a crises. Questionado sobre as razões da troca, Grella afirmou, por meio de nota, que a mudança foi administrativa.

"Não existe qualquer descontentamento com o coronel Morelli. Ele prestou bom serviço, mas a alternância nos comandos é importante como fator de aprimoramento dos serviços", diz a nota.

Já a PM disse que a demissão se trata de um "processo natural de gestão e renovação na instituição".

A Tropa de Choque tem quatro batalhões e 5.500 homens. Seu chefe é responsável, dentre outros, por comandar o controle de distúrbios civis, nome dado às manifestações, e a Rota, equipe que costuma a atuar em ações onde há grande possibilidade de confrontos com suspeitos.

Com Folha de S. Paulo