Corregedor diz que pode convidar Serra a falar sobre Propinoduto

O corregedor do estado de São Paulo, Gustavo Úngaro, disse nesta sexta-feira (9) que "qualquer pessoa poderá" ser ouvida pelo órgão durante as apurações do caso Siemens. Ele deu a declaração ao ser questionado sobre a possibilidade de convidar o ex-governador tucano José Serra a dar explicações sobre sua conversa com um executivo da multinacional alemã.

Um e-mail enviado por um executivo da Siemens a seus superiores em 2008 aponta que o Serra sugeriu à multinacional alemã Siemens um acordo para evitar que uma disputa empresarial travasse uma licitação da CPTM. 

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Úngaro ressaltou, no entanto, que a corregedoria tem como função investigar agentes do Estado e que ficaria "fora da alçada do órgão a convocação de um ex-governador de estado". E, concluiu, "qualquer pessoa pode ser ouvida, mas não é de praxe". Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, Ungaro teria dito, ao final do evento, que Serra não está no foco das investigações. "Não faz sentido (ouvir o ex-governador). Ele não está no foco". 

Mesmo fora da alçada da corregedoria o ex-governador de SP e candidato duas vezes derrotado à Presidência da República (2002 e 2010) tem a obrigação ética de esclarecer qualquer irregularidade ocorrida durante seu mandato. Calcula-se que o pagamento de propinas a políticos e pessoas ligadas ao governo tucano de SP tenha ultrapassado R$ 600 milhões.

O caso começou a ser investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a partir de denúncia da multinacional alemã Siemens. A empresa apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo paulista soube e deu aval à formação de um cartel. As irregularidades teriam começado em 1997, ainda durante o governo do tucano Mário Covas e se mantido durante as sucessivas gestões Serra e Alckmin, atual governador de SP.

A negociação com representantes do estado, segundo a Siemens, está registrada em "diários" apresentados pela empresa ao Conselho. Em troca das informações, a empresa assinou com o Cade um acordo de leniência, que pode lhe garantir imunidade caso o cartel seja confirmado e punido.

Nada a declarar

Questionado sobre o mesmo assunto, Alckmin não quis dar declarações. Sem responder perguntas à imprensa, ele apenas falou sobre o lançamento do programa Movimento Transparência. O programa reúne um grupo de entidades da sociedade civil, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Transparência Brasil, que irão acompanhar as apurações e documentos a que o governo tiver acesso durante a investigação.

Da redação do Vermelho,
com informações da Folha de S.Paulo e do Estadão