"É preciso combater o debate maniqueísta em torno da saúde"

"É preciso combater o debate maniqueísta em torno da saúde. Não podemos debater os desafios da saúde no Brasil de maneira reduzida", declarou a médica e coordenadora do curso de Gestão de Emergências em Saúde Pública, Helena Petta, ao debater na Rádio Vermelho, sobre as últimas medidas do Ministério da Saúde para intensificar o atendimento no Brasil.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Ao falar sobre a realização do curso Gestão de Emergências em Saúde Pública, que teve início no último dia 28 de agosto e vai até junho de 2014, Helena Petta salientou que a proposta é inédita e dialoga com o cenário de discussão sobre saúde pública em curso no Brasil.

Ela informou que o curso, que é uma parceria firmada entre o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio Libanês, conta com a participação de cerca de mil médicos e tem como objetivo intensificar o trabalho da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN/SUS).

"A proposta é que os profissionais atuem em articulação com Estados, Municípios e Distrito Federal, em ações conjuntas no apoio à gestão e assistência em missões da FN-SUS para contribuir concretamente para que o Brasil tenha uma resposta mais oportuna e eficaz em situações emergenciais, além de desenvolver ações para prevenção destes agravos", explicou ela.

Helena Petta ainda acrescentou que "essa iniciativa educacional considera o conhecimento e experiências prévias dos envolvidos e promove a corresponsabilização e a pró-atividade na construção de uma trajetória de aprendizagens voltada à transformação das práticas profissionais e institucionais para atuação em emergências públicas", enfatiza.

Mídia contra o SUS

Ao ser questionada sobre os ataques da mídia conservadora ao Sistema Único de Saúde (SUS), a especialista reprovou a postura desse setor e sinalizou que esses ataques nada mais são que uma forma de abrir espaço para o mercado, a privatização do setor.

Helena Petta alertou que "não há dúvida de que o SUS é o maior sistema de saúde pública no mundo e de atuação em todas as áreas de Saúde". E lembra que o SUS passou por um retrocesso muito grande no período dos governos neoliberais, mas que a partir do governo Lula essa situação mudou.

"Um grande avanço conquistado, a partir dos governos Lula é Dilma, foram os investimentos no programa Saúde da Família, atualmente temos mais de 30 mil equipes em todo o país. Essa é uma marca histórica para o Brasil", lembrou Helena. Segundo ela, "é preciso combater o debate maniqueísta em torno da saúde".

A especialista ainda destacou que "mesmo com a retomada a partir do governo Lula, é preciso que se amplie ainda mais os recursos da saúde. Não há como manter o sistema como o SUS sem a ampliação dos recursos. Temos em curso uma importante luta que é a da destinação de 10% das receitas correntes da União para a saúde, que é a 'Campanha Saúde +10'".

Outro ganho apontado pela médica, durante os governos Lula e Dilma, foi a ampliação do número de vagas nos curso de medicina e a possibilidade de pessoas de diferentes classes ingressarem nesses cursos. Segundo ela, isso abre caminho para o rompimento de um pensamento elitizado em torno da profissão do médico.

Mais Médicos

Sobre o Programa Mais Médicos, Helena Petta declarou à Rádio Vermelho ser uma iniciativa muito importante para a saúde no Brasil. "É uma medida emergencial importante e que vai atender os 700 munícipios que não foram escolhidos pelos médicos brasileiros".

Helena ainda criticou os ataques ao colegas estrangeiros, especialmente aos médicos cubanos. "Condenamos os ataques. O que aconteceu em Fortaleza foi um absurdo"..

Para Helena Petta a sociedade está observando tudo é vê com muito bons olhos a vinda desses profissionais, especialmente porque eles irão atuar em áreas de grande carência e que não foram priorizadas pelos médicos brasileiros. "Nós só temos a ganhar com vinda desse profissionais. Só para citar o caso dos médicos cubanos, eles possuem ampla experiência. Além disso, Cuba é um país com os melhores índices de saúde no mundo", pontuou a médica.

Força Nacional do SUS

A Força Nacional do SUS foi criada como um programa de cooperação, estruturante da Rede de Atenção às Urgências (RAU), em estreita articulação com as ações de Vigilância à Saúde, sob a coordenação de um Comitê Gestor, composto pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS) e Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

Segundo Helena Petta a Força Nacional do SUS visa prestar assistência rápida e efetiva às populações em território nacional e internacional, atingidas por catástrofes, epidemias ou crises assistenciais que justifiquem seu acionamento, em apoio à gestão local. Atualmente, ela é composta por mais 13 mil profissionais de saúde, na sua maioria médicos, que atuam como voluntários.

Ouça a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: