Sem apoio popular, Peña Nieto divulga primeiro informe do governo

Em meio a uma conjuntura de revoltas populares, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto apresentou, nesta segunda-feira (2), o primeiro informe de seu governo. Dentre os temas tratados pelo mandatário estão as principais reformas propostas por ele.

Peña Nieto

Ao começar a exposição, o chefe de Estado felicitou a Câmara de Deputados pela aprovação da lei do Serviço Profissional Docente, que havia sido ruidosamente rejeitada pelos professores nas ruas da capital mexicana.

“Celebro que, de forma inédita, a Câmara de deputados tenha aprovado a nova Lei do Serviço Profissional Docente”, disse Peña Nieto no princípio de sua mensagem sobre os primeiros nove meses de seu governo. “É um passo muito importante e transcendental para assegurar a qualidade da educação”.

O mandatário mexicano fez votos para que o Senado, que recebe a iniciativa também nesta segunda, proceda para a ratificação. “Confio que no Senado também se discuta e aprove esta lei a favor de nossas crianças e jovens”, assegurou.

Em uma mensagem claramente dirigida aos professores que resistiram à reforma educativa, Peña Nieto disse que seu Governo respeitará as minorias, mas que “as minorias devem respeitar a democracia e suas instituições”.

Pacto por México

Em seu discurso, diante de representantes do poder judicial e do poder legislativo, Peña Nieto destacou o ambiente criado pelo Pacto por México, uma lista de 95 reformas assinada pelo governo com os principais partidos de oposição no segundo dia de sua administração. “Reconheço a maturidade dos dirigentes das principais forças políticas para alcançar acordos”, disse o presidente.

No princípio de seu mandato o presidente anunciou o “brilhante” convênio implicado nas duas forças centrais de oposição – o conservador Partido de Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD) – que o apoiariam em suas reformas estruturais, naquelas que são consideradas “urgentes” e, por isso, nenhum partido deveria criar obstáculos. Contudo o acordo foi se desenrolando e PAN e PRD fizeram um verdadeiro cabo de guerra com o governo, de modo que estão ameaçando deixá-lo sem apoio em seus planos de reforma.

Violência

Em um segundo momento, o presidente assinalou uma queda nos níveis de homicídios. Segundo ele, de dezembro de 2012 a julho deste ano se registrou um descenso de 13,7% em homicídios dolosos. Já aqueles “vinculados a delitos federais”, relativos aos cartéis do narcotráfico e o crime organizado, se reduziram em 20%. Peña Nieto usou como exemplo da mudança nessa matéria que os homicídios baixaram em 3,2% em Tamaulipas, em 37,2% em Chihuahua e um 46,5% em Nova León.

Nestes estados, desde o início de 2013, operam as “autodefesas civis” que se armaram para revogar o direito de defender seus povos diante da presença do crime organizado, por se considerarem “abandonados” pelas forças públicas.

O chefe de Estado advertiu que diante do surgimento de grupos que se armam para defender-se, sobretudo em estados com Michoacán e Guerrero, que “o governo da República não irá tolerar que ninguém pretenda fazer justiça com as próprias mãos”.

Peña Nieto anunciou ainda que sua administração enviará ao Congresso um “pacote de iniciativas em matéria de Direitos Humanos para limitar a atuação do Estado e redefinir o tribunal militar”.

Ainda sobre o tema da violência, o presidente não citou que, ao mesmo tempo, aumentaram os sequestros e as extorsões, dois dos fenômenos que mais golpeiam o conjunto da sociedade mexicana e que, por isso mesmo, foram tachados por ele como “objetivos prioritários” de seu combate ao crime.

Manifestações

No fim de semana, na Cidade do México, foram realizadas duas marchas para protestar contra as propostas das reformas educativas, energética e fiscal.

Cuauhtémoc Cárdenas, histórico líder da esquerda mexicana, foi quem levou às ruas no sábado (31) milhares de pessoas para protestar pelo plano da reforma energética do governo, que planeja uma abertura da exploração de petróleo, de propriedade estatal, para a inversão privada.

No domingo (1º/8) foram os professores e estudantes que recorreram na capital com seus gritos antigovernamentais. Os docentes querem que se instaure – como contempla a reforma educativa – um sistema que os avalie. Por sua vez, os estudantes se opõem ao presidente e seu Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências mexicanas