No 6º dia de greve, bancários saem em passeata em todo país

Ainda sem qualquer sinalização dos banqueiros, bancários de todo país saem às ruas no final da tarde desta terça-feira (24), sexto dia da greve da categoria. O objetivo dos trabalhadores é pressionar os bancos e chamar a atenção da população sobre a situação atual nas agências, onde há a combinação de precarização, baixa remuneração e pressão sobre resultados, somado ao assédio moral.

A greve está forte e vem ampliando rapidamente em todo o país. Os bancários reivindicam reajuste salarial de 11,93%, piso de R$ 2.860,21, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de três salários mais uma parcela fixa de R$ 5.553,15, garantias de emprego e igualdade de oportunidade. Os dados mostram que a alta lucratividade das instituições financeiras, que lucram de forma exorbitante com juros, cobrança de taxas de serviço e venda de produtos, permite às mesmas atender a reivindicação da categoria.

De acordo com levantamento dos sindicatos, utilizando dados da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), no primeiro semestre o setor obteve lucro líquido de quase R$ 30 bilhões, o maior da economia nacional. Outros setores, com ganhos menores, têm garantido aumento real aos empregados. Portanto, não tem justificativa os bancos oferecerem apenas a inflação do período, cerca de 5%.

Em Salvador (BA), o Sindicato dos Bancários da Bahia saiu em passeata pelas ruas centrais. A concentração aconteceu no Sindicato, nas Mercês. Durante o início desta semana, 722 unidades foram fechadas. Nesta terça-feira (24), a paralisação cresce e mais trabalhadores cruzam os braços.

Em São Paulo, segundo a página do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o ato acontece na avenida Paulista, região central da capital onde, de acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, 29 mil trabalhadores deixaram de comparecer às agências, na segunda (23). Ao todo, a base do sindicato conta com 142 mil bancários.

Em todo país, a paralisação atingiu 9.015 agências e centros administrativos de bancos públicos. Na manhã desta terça-feira (24), as calçadas da Paulista amanheceram tomadas de bancários, quando centenas de trabalhadores se concentraram em frente a seus locais de trabalho, como a Superintendência do Banco do Brasil, na esquina da Rua Augusta, ou do outro lado da avenida, na matriz do Safra.

Aglomerações de centenas de bancários também eram vistas no Bradesco Prime, na esquina da Rua Itapeva, e, de forma inédita, em frente ao prédio do Daycoval, ao lado do Parque Trianon. “Há 10 anos que trabalho aqui e nunca vi esse banco parar”, admirava-se um diretor do Daycoval.

Um bancário do Bradesco Prime afirma: “O banco lucra tanto e divide tão pouco com os funcionários, e é a agência que carrega o banco nas costas. A proposta da Fenaban é ridícula. É chamar a gente de palhaço”.

Rio de Janeiro

O ato no Rio de Janeiro começou por volta das 17 horas na Candelária. Cerca de uma hora depois, seguiu pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia. "Estamos todos mobilizados nesta greve. As pessoas que estão nos piquetes de bancos, sejam os dirigentes sindicais e a base do município, que é de cerca de 28 mil bancários. Temos muito trabalho pela frente, muita pressão contra um istema financeiro que tem alta lucratividade e concede pouco reflexo disso ao trabalhador", exclamou Carlos Alberto Oliveira Lima, que é dirigente do Sindicado dos Bancários do Município do Rio de Janeiro e também secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio de Janeiro (CTB-RJ).

Uma das características ressaltada por Carlos é que trata-se de uma categoria organizada nacionalmente e que, por isso, conquistou uma convenção coletiva de trabalho nacional. A mesma conquista para o trabalhador carioca também vale para cidades do interior do país, seja um banco público ou privado. "É a mesma situação de precarização do nosso ambiente de trabalho em todo país. Agências com poucos bancários, pressão, assédio, alta rotatividade nos cargos, o que diminui os salários", completou Carlos Lima.

Na quarta-feira (25), às 18 horas, os bancários da cidade do Rio de Janeiro se reúnem em uma assembleia organizativa. "Nesta terça, a ideia é pressionar e sensibilizar a população, cliente e refém desse sistema financeiro selvagem. Durante a greve temos mantido os caixas de autoatendimentos e mobilizado mais os bancários, e a população tem compreendido a nossa necessidade, além de compreenderem que se trata de empresa que detém altos ganhos", destacou.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho