Para manter apoio a Dilma, governador do CE deixa o PSB

Para manter a base de apoio à presidenta Dilma Rousseff no Ceará, para as eleições de 2014, o governador do estado, Cid Gomes, anunciou na noite da quinta-feira (26) que está deixando o Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido pelo qual se elegeu para dois mandatos na administração estadual.

Cid anunia saída do PSB - O Povo

Juntamente com o governador, deixam o PSB cerca de 500 lideranças cearenses, incluindo o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, o presidente da Assembleia Legislativa, José Albuquerque, quatro deputados federais, nove deputados estaduais e dezenas de prefeitos, além do secretário de Saúde de Fortaleza, Ciro Gomes, e do ministro-chefe da Secretaria Nacional de Portos, Leônidas Cristino.

A mudança de sigla, anunciada a poucos dias do fim do prazo de filiação partidária para quem deseja disputar as eleições de 2014, acontece no contexto em que a disputa política local sofre consequências do cenário nacional.

Enquanto o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, prepara-se para disputar a Presidência da República, arregimentando apoio da maioria das lideranças nacionais do PSB para uma candidatura de confronto com o governo Dilma, Cid Gomes foi a exceção (mantendo o apoio à reeleição da presidenta e à continuidade do projeto democrático popular iniciado com a primeira eleição do presidente Lula, em 2002), defendendo que o PSB lance candidato à presidência apenas em 2018.

Como consequência, a saída do PSB foi o único caminho para o grupo político liderado por Cid. Acordo, apenas quanto a um compromisso com a direção nacional do PSB, para um "salvo-conduto", um termo de anuência garantindo que o partido não reclamará na Justiça os mandatos dos deputados e vereadores cearenses que estão deixando a legenda para dar continuidade à disposição de Cid em manter a base de apoio à presidenta Dilma no Ceará.

Na noite de quinta (26), o governador do Ceará optou por declarações contidas quanto à postura do PSB nacional, tratando a saída do grupo político cearense como consequência de "uma mudança de visão do partido, com a qual nós não concordamos".

A expectativa agora recai sobre a escolha de novos partidos para abrigar o grupo político, que na noite desta quinta-feira se reuniu por mais de três horas, em um hotel em Fortaleza.

Ao final do encontro, Cid Gomes revelou ter recebido convites de presidentes nacionais de diversos partidos para conversações. Entre eles, o novíssimo PROS, Partido Republicano da Ordem Social, citado pelos parlamentares que estão de saída do PSB como melhor opção. Isso por conta da garantia legal de proteção do mandato para quem, ao mudar de partido, opta por uma legenda recém-criada.

Segundo o governador cearense, conversações com os presidentes dos partidos serão mantidas a partir desta sexta-feira (27). Em meio às especulações, analistas políticos apontam que o governador, que já anunciou não ter interesse de participar como candidato das eleições de 2014, possa tomar o rumo de um partido de mais trajetória e reconhecimento, enquanto os parlamentares, pela segurança jurídica, optariam pelo PROS, apesar das dificuldades típicas de legendas recém-criadas, como a falta de popularidade e de estrutura de base nos municípios.

O presidente do Comitê Estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, e o presidente nacional do partido, Renato Rabelo, entraram em contato com Cid Gomes, manifestando solidariedade quanto à situação do governador em relação ao PSB, e parabenizando-o pela coerência na defesa do projeto nacional de apoio à reeleição da presidenta Dilma.

“Vivemos uma fase de afirmação da liderança política da presidenta, em vários episódios, como a sua avaliação positiva das manifestações de junho, como um valor de consolidação da democracia no país, a busca de atendimento dos anseios manifestados pela população, a proposta de plebiscito para a reforma política, a aprovação dos royalties do pré-sal para educação e saúde, o programa Mais Médicos e a postura altiva e soberana diante das denúncias de espionagem norte-americana no Brasil, de cancelar sua viagem aos EUA. A presidenta também se destacou pelo seu pronunciamento muito afirmativo e corajoso na abertura da Assembleia Geral da ONU”, reforça Patinhas.

“A decisão firme de Cid Gomes de manter o apoio à presidenta Dilma ganha uma repercussão nacional muito grande”, acrescenta Patinhas, que, no diálogo com Cid, se colocou à disposição do governador para conversações sobre o contexto político local e nacional.

Cenário local

Concluindo seu segundo mandato, o governador Cid Gomes conta com o apoio do PCdoB e de uma ampla base, incluindo partidos como o PT e o PMDB. Enquanto o PSB cearense deverá agora rumar para a oposição a Cid, apoiada por nomes como os ex-governadores Tasso Jereissati (PSDB) e Lúcio Alcântara (PR), o PMDB também anunciou pretensão de disputar o governo do estado, com o senador Eunício Oliveira.

Este projeto, atualmente, destoa das perspectivas de Cid Gomes quanto à indicação do candidato a sucedê-lo no Palácio da Abolição.

O PCdoB anunciou desde o início do ano que postulará a reeleição do senador Inácio Arruda. A saída do grupo de cerca de 500 lideranças do PSB movimenta o jogo político, com intenso efeito do plano nacional sobre o contexto local, trazendo ainda mais complexidade ao cenário para as disputas de 2014 no Ceará.

De Fortaleza para o Vermelho,
Dalwton Moura