Divergência da prefeitura e servidores da educação se aprofunda

A luta dos profissionais da educação no município do Rio de Janeiro está cada vez mais longa, os servidores seguem em greve e estão acampados em frente à Câmara Municipal da cidade.

- Crédito: Henrique Coelho / www.g1.com.br

A greve na educação no Rio de Janeiro foi iniciada no dia 8 de agosto, e se alongou ininterruptamente até o dia 10 de setembro, quando a categoria decidiu por retomar as atividades, mas frisou que permaneceria em estado de greve – uma forma de sinalizar ao governo que a paralisação poderia continuar a qualquer momento caso os acordos não fossem cumpridos.

Entretanto, as discordâncias entre os manifestantes e o poder público continuaram, sobretudo pelo fato do prefeito Eduardo Paes (PMDB) ter encaminhado à Câmara Municipal um projeto de plano de cargos e salários que desagradou bastante os profissionais; que afirmam que o projeto representa um atraso e vai de encontro com os compromissos firmados pela prefeitura com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE). Na última quinta-feira (26), a presidência da Câmara tentou por em pauta a votação do projeto, o que fez os manifestantes ocuparem a casa legislativa; de onde foram expulsos no sábado (28) de forma truculenta e sem apresentação de um mandato judicial.

O professor da rede municipal do Rio, Márcio Franco, que também é membro do PCdoB, falou sobre a situação e criticou duramente a proposta do governo da cidade:

“O plano de carreira – que na verdade não pode ser chamado de plano de carreira – encaminhado pelo prefeito Eduardo Paes à Câmara Municipal, na verdade é um brutal retrocesso, porque tira uma série de direitos já existentes; uma série de conquistas históricas e passa por cima de todos os acordos firmados pela prefeitura com o SEPE, em função disso a categoria voltou com a paralisação e hoje estamos aqui num ato para pressionar os vereadores a retirarem de pauta o projeto e reabrirem o canal de negociação com o SEPE. A categoria quer que esse plano seja retirado e quer que haja a retomada das negociações”.

O professor Márcio Franco também salientou a principal reivindicação dos profissionais da educação na rede municipal:

“Queremos um plano de carreira onde haja promoção por tempo de serviço e respeito à titulação do profissional, um plano de carreira unificado, e um plano de carreira fora desse modelo meritocrático neoliberal que Eduardo Paes quer impor de forma arbitrária. Além disso, nós queremos um plano que, obviamente, contemple toda categoria. Esse arremedo de projeto encaminhado à Câmara mal contempla 7% da categoria, além de retirar conquistas históricas como o direito a dupla matrícula, ao triênio, à paridade para aposentados e pensionistas, além de outras questões importantes”, afirma o profissional da educação.

Márcio Franco ainda fez questão de enfatizar criticamente a ação violenta da Polícia Militar contra a movimentação pacífica da categoria:

“Desde quinta da semana passada quando o presidente da Câmara procurou por em pauta de uma maneira açodada a votação desse projeto, nós ocupamos o espaço da câmara. No sábado houve uma retirada sem nenhum mandato de reintegração, de forma truculenta, e uma série de colegas profissionais da educação, cerca de 20 pessoas, registraram ocorrência na delegacia em virtude da violência policial. O que nos causa perplexidade é a brutalidade da PM contra os nossos colegas profissionais de educação e o fato do centro da cidade estar sitiado”, criticou o professor.

Nesta terça-feira (01), uma assembleia foi realizada pela categoria na Cinelândia, por volta das 12h30, quando os profissionais decidiram pela continuidade do movimento grevista e marcaram uma nova assembleia para a próxima sexta-feira, 4 de outubro.

Segundo o próprio professor Márcio Franco a vigília em frente à Casa Legislativa do município continua, e o acampamento na Rua Alcindo Guanabara também deve prosseguir; e os profissionais continuarão lutando para a reabertura de canais de negociação com o legislativo e executivo municipal; para a retirada do projeto do plano de cargos e salários de pauta; e pelo fim de toda truculência policial.

Diversas entidades dos movimentos sociais e estudantil estão aderindo ao movimento da educação e apoiando a luta dos profissionais. Como a União da Juventude Socialista (UJS), a UNE, UEE-RJ, AMES, UBES; entre outras. Além de centrais sindicais, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RJ), que inclusive publicou uma nota em solidariedade à greve da categoria. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) está apoiando a luta dos trabalhadores, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) também assinaram uma nota em apoio aos profissionais da educação.