Estudantes da USP ocupam reitoria e protestam contra eleições

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram, na noite desta terça-feira (1º), durante uma assembleia, manter a ocupação no prédio da Reitoria, na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo. Os alunos também decretaram greve imediata. Os estudantes protestam contra a decisão do Conselho Universitário que rejeitou as eleições diretas para o cargo de reitor e vice-reitor.


Fotos: Leonardo Neiva/G1

Após a aprovação da manutenção da ocupação da Reitoria e pela paralisação imediata, os estudantes votaram os itens da pauta de reivindicações. O primeiro a ser aprovado pela assembleia foi a eleição direta paritária para reitor, diretores e chefes de departamento. Posteriormente, em uma votação apertada – 243 a favor x 222 contra -, os estudantes decidiram por um governo tripartite, sendo um representante dos estudantes, um dos funcionários e outro dos professsores, eleitos por voto paritário e com mandatos revogáveis e submetidos à assembleia universitária, em substituição ao cargo de reitor.

Foram aprovadas ainda a formação de uma estatuinte livre, soberana e democrática e a dissolução do Conselho Universitário como itens da pauta. A assembleia foi encerrada por volta das 23h40 desta terça-feira, antes que outros itens, como a convocação de um plebiscito para que se decida pelas eleições diretas para reitor, fossem votados.

Nesta quarta-feira (2), os grevistas deverão realizar assembleias nos prédios-sedes de cada um dos cursos da universidade, para tentar obter adesões ao movimento. Uma nova assembleia geral está prevista para a quinta-feira (3).

Protesto

Um protesto começou no início da tarde em frente ao prédio da Reitoria. Por volta das 15h30, as portas do saguão foram arrombadas com ajuda de uma marreta. Depois de os manifestantes entrarem no edifício, seguiram até a sala onde ocorria o encontro do Conselho Universitário. Com ajuda de uma marreta, uma placa de trânsito e pé de cabra, eles tentaram entrar na eunião. Depois da tentativa frustrada, eles retornaram ao saguão da Reitoria. Eles dizem que pretendem permanecer até "a saída do reitor" João Grandino Rodas.

Por sua vez, o conselho reunido rejeitou as eleições diretas, mas aprovou mudanças na escolha dos nomes que irão compor a chamada lista tríplice.

Atualmente, o estatuto da USP determina que a eleição para reitor seja feita em três etapas: primeiro turno, segundo turno e nomeação. O Conselho Universitário decidiu nesta terça-feira que a escolha será em apenas um turno.

A Assembleia Universitária será constituída pelo Conselho Universitário, Conselhos Centrais, Congregações das Unidades e pelos Conselhos Deliberativos dos Museus e dos Institutos Especializados, ou cerca de 2 mil representantes – só alunos matriculados, a USP tinha mais de 92 mil no ano passado. A Assembleia Universitária irá definir a lista tríplice que seguirá para a escolha do governador de São Paulo.

Além disso, os candidatos a reitor e vice-reitor deverão formar uma chapa e fazer inscrição para participar. Antes, qualquer professor titular da USP poderia ser votado, sem inscrição prévia. Os candidatos aos dois postos terão de se desincompatibilizar de funções de chefia ou direção a partir da inscrição no pleito.

O conselho também decidiu que será feita uma consulta, de caráter informativo, a alunos, professores e funcionários técnico-administrativos da USP sobre o cargo de reitor e vice-reitor. O resultado será divulgado cinco dias antes da eleição. O calendário da escolha do novo reitor será definido em uma reunião marcada para esta sexta-feira (4).

No fim da tarde, os estudantes realizaram uma assembleia para decidir se tentariam novamente invadir a reunião do Conselho Universitário e optaram por não fazê-lo.

Estudantes e docentes da universidade defendem eleições diretas. Em entrevista em julho, o reitor da USP, João Grandino Rodas, disse também ser a favor da mudança.

No início de setembro, a USP promoveu eventos para discutir as alternativas ao modo como são definidos os nomes para os cargos. Entre as propostas discutidas, estava a formulada pela Associação de Docentes da USP (Adusp). Os docentes defenderam mudar, neste ano, o estatuto da USP para incluir uma consulta direta à comunidade da instituição. O nome mais votado seria automaticamente incluído na lista tríplice encaminhada ao governador.

O debate sobre o sistema eleitoral ocorre paralelamente à campanha para a escolha do próximo reitor. A gestão atual, de Rodas, termina em 24 de janeiro de 2014 e, portanto, o segundo semestre deste ano terá novas eleições para o cargo.

Com informações do G1