Nos EUA, Aécio critica o Brasil e mostra alinhamento neoliberal

Em viagem aos Estados Unidos, o presidente nacional do tucanato Aécio Neves se apresentou a empresários como o “líder da oposição no Brasil”. Atual senador pelo estado de Minas Gerais, Aécio é nacionalmente reconhecido como um dos parlamentares menos expressivos do Senado Federal, desde que assumiu a cadeira em janeiro de 2011. Pesquisa Ibope divulgada no final de setembro mostra Aécio na terceira posição da disputa presidencial de 2014, com apenas 11% das intenções de votos.

Assim como faz em seus raros discursos da tribuna, o tucano aproveitou a viagem aos EUA para criticar o Brasil e a presidenta Dilma Rousseff, em mais uma demonstração clara de subserviência e alinhamento com a política neoliberal dos EUA.

Mais uma vez, ele usou o discurso pronto sobre os rumos da economia e a falta de investimentos em infraestrutura, mas sem apresentar qualquer alternativa política para os problemas que aponta. Sem definir exatamente suas intenções, Aécio disse que o desafio do PSDB é ‘reconectar-se’ com alguns setores da sociedade civil brasileira.

Criticando exatamente algumas das ações que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou para combater os impactos da crise econômica iniciada em 2008, e que atingiu com muito mais força e danos o próprio EUA, Aécio disse que o Brasil se “tornou uma nação pouco confiável, em que os pilares da macroeconomia foram colocados em risco por uma política econômica que favoreceu o crescimento pelo consumo”.

O provável candidato das forças conservadoras brasileiras também não poupou críticas à presença do Estado brasileiro em setores estratégicos do país como o de energia e petróleo. Possivelmente sugerindo como alternativa o preceito neoliberal do Estado Mínimo, ele chamou a ação do governo de “extremamente intervencionista”.

Para ele, a receita de seu partido para solucionar a “estagnação seria reformista”, com mudanças nas áreas tributária, previdenciária e do Estado. Mesmo sem definir exatamente o que pretende, o reformismo sugerido por Aécio é visto como uma ameaça direta aos direitos da classe trabalhadora brasileira – a principal afetada pelas políticas de arrocho protagonizadas por governos alinhados com tucanos.

Mesmo tendo sido avaliado como o maior prejudicado com a aliança de Marina Silva e Eduardo Campos (PSB) ele disse que saúda qualquer força oposicionista. Investidores estadunidenses ouvidos após o discurso de Aécio afirmaram, em anonimato, que o tucano se apresenta de forma "mais amigável” a seus interesses no ambiente de negócios do que a presidenta Dilma.

Por Mariana Viel,
de São Paulo, com agências