Direitos Humanos: Exumação de corpo de Jango será dia 13

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart serão exumados no dia 13 de novembro deste ano, informou nesta quarta-feira (16) a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado.

Maria do Rosário e Christopher Goulart, neto do ex-presidente João Goulart. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por uma autópsia. Desde então, existe a suspeita de que a morte de Jango pode ter sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Após os exames, que serão feitos em Brasília e em laboratórios internacionais, os despojos voltarão para São Borja no 6 de dezembro, data de morte do ex-presidente.

“Essa é a busca da memória do nosso país, daquilo que nos constitui. A exumação de João Goulart é a exumação da ditadura do nosso país”, disse a ministra Maria do Rosário em entrevista coletiva.

A exumação será coordenada pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal e ocorrerá em duas etapas. A primeira é a análise antropológica, que detalhará informações sobre substâncias venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e podem ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão reunidos dados médicos e pessoais do ex-presidente. Além disso, será feita a análise do DNA. A segunda etapa constará do exame toxicológico dos restos mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.

“Hoje podemos dizer com segurança que o ex-presidente foi perseguido por agentes da ditadura militar todos os dias de sua vida. Antes e depois do exílio. Independentemente do trabalho de pesquisas e do resultado, já temos convicção que a ditadura o perseguia. Sabemos que ele tentava voltar ao país pouco antes de sua morte”, disse a ministra. “Ainda que do ponto de vista técnico não seja encontrado qualquer tipo de veneno, não temos dúvidas que o ex-presidente foi vítima da ditadura”, completou.

João Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina. A exumação faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar.

Parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que a morte pode ter sido causada pela substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia. Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade indicam que o ex-presidente foi uma das vítimas da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.

De acordo com Amaury de Souza Jr, perito da Polícia Federal, a exumação toxicológica dos restos mortais do ex-presidente João Goulart será feita por um conjunto de laboratórios internacionais de identificação. O procedimento tem o objetivo de garantir a isenção das informações e desvincular o resultado do Estado brasileiro. A operação terá supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de peritos internacionais da Argentina e do Uruguai. Técnicos cubanos também poderão se integrar ao grupo.

Fonte: Agência Brasil