Justiça ouve primeiras testemunhas do caso Colombiano e Catarina

A primeira audiência do processo sobre o caso do assassinato do dirigente sindical Paulo Colombiano e da sua esposa Catarina Galindo, aconteceu na manhã desta quarta-feira (23/10), no Fórum Criminal de Sussuarana, em Salvador. Pelo menos 16 testemunhas foram convocadas pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para prestarem informações sobre a morte do casal, que aconteceu em 2010.

Os familiares e amigos das vítimas estiveram no Fórum para acompanhar de perto o primeiro dia das audições. Do lado de fora, manifestantes exibiam faixas e cartazes que pediam celeridade no julgamento do caso, em uma vigília que foi organizada pelo PCdoB da Bahia e pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entidades das quais Colombiano fazia parte.

De acordo com o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, o objetivo do protesto não é pressionar os condutores do processo e sim expressar um clamor por justiça, que é da sociedade. “Todas as provas estão dadas. O Ministério Público apurou de forma categórica o mando e a execução do crime. O fato é que a Justiça tem sido morosa. Entendemos que não há motivos para que a decisão seja estendida, diante das evidências”, explica.

Além da celeridade na decisão judicial, Adilson Araújo defende a necessidade da prisão imediata dos acusados do assassinato – que conseguiram o direto de responder em liberdade – e a continuação da apuração das provas. “Esse processo precisa ter, sim, uma continuidade na verificação das circunstâncias que envolveram esse crime bárbaro que tirou a vida de Catarina e Colombiano”, conclui.

O irmão de Catarina Galindo, Geraldo Galindo, que é integrante do PCdoB-Bahia, foi uma das testemunhas convocadas. Para ele, a realização da primeira audiência, ainda que tardia – já se passaram três anos e quatro meses desde o assassinato -, é importante. “Nós não temos uma expectativa de que, em um curto prazo, os criminosos sejam punidos, mas, para nós, é positivo o fato de terem início as audiências, na medida em que podemos agilizar a decisão final”.

A demora da justiça baiana em concluir o processo pode estar relacionada, ainda segundo o irmão da vítima, ao fato de os acusados do mando serem empresários ricos e as vítimas, trabalhadoras. “Nós acreditamos que possa haver postergação pelo fato de os executores e dos mandantes estarem relacionados ao poder econômico”, conclui.

O assassinato

Colombiano e Catarina foram mortos em junho de 2010 e o motivo do crime, segundo as investigações, seria a descoberta de uma fraude em um contrato do Sindicato dos Rodoviários – de onde Colombiano era tesoureiro – com a empresa do plano de saúde MasterMed. A ação fraudulenta teria desviado cerca de R$ 34 milhões da entidade.

A MasterMed é de propriedade do oficial aposentado da Polícia Militar Claudomiro César Ferreira Santana e do seu irmão, o médico Cássio Antonio Ferreira Santana. Os dois foram indicados pela polícia como mandantes do crime.

Ainda segundo as investigações, a execução do crime foi feita por funcionários dos irmãos, identificados como Daílton Ferreira de Jesus, Edilson Duarte Araújo e Wagner Luiz Lopes de Souza.

Do Vermelho da Bahia