Apesar de déficit, governo diz que balança terá superávit em 2013

A balança comercial registrou déficit (exportações menores que importações) em outubro, após superávit em agosto e setembro. O saldo ficou negativo em US$ 224 milhões, com US$ 22,8 bilhões em vendas externas e US$ 23 bilhões em compras. É o pior resultado para o mês desde 2000, segundo dados divulgados nesta sexta (1°/11) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

No ano, a balança está negativa em US$ 1,8 bilhão, o maior déficit para o período desde 1998, quando o saldo acumulado de janeiro a outubro ficou no vermelho em US$ 5 bilhões.

Apesar do déficit acumulado no ano pela balança comercial o governo ainda acredita em resultado positivo para 2013. De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, o saldo positivo depende do desempenho do petróleo e a expectativa do governo ainda é recuperação da produção.

"Trabalhamos com expectativa de produção ascendente, conforme informado pela própria Petrobras", declarou Godinho, em coletiva de imprensa para comentar os resultados de outubro da balança, que ficou deficitária em US$ 224 milhões após dois meses superavitária.

De acordo com o secretário de Comércio Exterior, o resultado negativo foi causado pela parada de uma refinaria para manutenção em outubro. No primeiro semestre do ano, a parada programada para manutenção de plataformas da Petrobras também impactou a comercialização do combustível e obrigou o Brasil a importar mais.

Para 2014, a previsão é normalização do impacto causado pelo petróleo nas contas externas. "Será um ano bem melhor do que 2013. Haverá melhora substancial na conta petróleo", disse Godinho, que destacou ainda o efeito benéfico do dólar em alta sobre a balança comercial, com redução das importações de bens de consumo.

De janeiro a outubro de 2013, a exportação de petróleo e derivados registrou queda de 31,2%, segundo o critério da média diária. Por outro lado, as vendas externas dos demais produtos da pauta brasileira cresceram 2,9% no período. Sem o petróleo, portanto, a balança estaria superavitária. Entre os produtos cujas vendas no mercado exterior se destacaram em 2013 estão automóveis, que registraram crescimento de 46,3% no acumulado do ano ante o mesmo período de 2012. Em volume financeiro, as exportações de carros somaram US$ 4,6 bilhões, batendo o recorde de US$ 4,3 bilhões registrado em 2008. Também bateu recorde no período a comercialização de carne bovina (17,1%), celulose (13,5%) e soja (30%).

A média diária das exportações em outubro ficou em US$ 992,3 milhões, com pequeno aumento de 0,3% ante outubro de 2012 e retração de 0,8% na comparação com setembro deste ano. As vendas externas de produtos industrializados cresceram 9,1% em comparação a outubro de 2012. Um dos motivos foi a exportação de uma plataforma para extração de petróleo, no valor de US$ 1,9 bilhão. Na prática, o produto foi vendido a uma subsidiária da Petrobras no exterior, em uma operação que visa a reduzir os gastos com impostos. A plataforma não deixou o Brasil. Vendas de tubos flexíveis de ferro e aço, carros de passageiros, veículos de carga e aviões também puxaram o bom desempenho dos manufaturados.

As exportações de semimanufaturados e básicos, no entanto, recuaram respectivamente 21,7% e 0,3%. As retrações no grupo dos semimanufaturados deveram-se à queda nas vendas de alumínio bruto (59,1%), açúcar (48,4%), ouro (45,4%) e ferro fundido (15,6%). Quanto aos produtos básicos, caíram as vendas de algodão bruto (53,1%), café em grão (28,8%), farelo de soja (24,5%), milho (21,8%), carne suína (18,2%), carne de frango (11,5%), minério de cobre (9,9%) e folhas de fumo (5,2%).

Do lado das importações, houve destaque no crescimento das compras de combustíveis e lubrificantes (68,5%). Também aumentaram as aquisições de bens de consumo (5,3%) e de matérias-primas e produtos intermediários (1,8%).

Fonte: Agência Brasil