Maria do Rosário cobra a aprovação da PEC do Trabalho Escravo

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, participou nesta quarta-feira (11) de debate no lançamento de um livro em comemoração aos dez anos da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), no Fórum Mundial de Direitos Humanos. Ela participou das discussões sobre os avanços e desafios no combate ao trabalho escravo no país.

Para Maria do Rosário, os dez anos do da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) devem ser comemorados. ”Estamos mais organizados e mais fortes no combate ao trabalho escravo”, disse a ministra. Mas, segundo ela, o enfrentamento do problema, no país, ainda está atrasado. “Com a dimensão do enfrentamento ao trabalho escravo nós permitimos um encontro permanente no que há de mais perverso e mais atrasado como o pré-capitalismo, que é a convivência com a Era Feudal”, disse a Ministra.

Maria do Rosário defendeu a votação, pelo Senado, da PEC do Trabalho Escravo, que tramita no Congresso há 15 anos. “São quase 15 anos de tramitação e não há nada demais nessa emenda constitucional, nenhum aspecto que vai ferir as garantias individuais ou de direito à propriedade. Não demos um passo sequer no âmbito do trabalho escravo sem mobilização, sem denúncia. Isso para nós é um trabalho que precisa estar nas mãos da sociedade civil”, completou a ministra.

PEC do Trabalho Escravo

A PEC 57A, apelidada de PEC do Trabalho Escravo, está em tramitação no Congresso Nacional desde 1999, pois enfrentou a resistência dos parlamentares vinculados ao agronegócio, a bancada ruralista, e só foi aprovada após acordo.

A pressão da bancada ruralista foi no sentido de alterar a definição do que é trabalho escravo e como seriam os processos de desapropriação das terras onde houver esse tipo de crime. O relator da PEC, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), afirma que o acordo é necessário para que a proposta tenha chances de ser aprovada no Plenário do Senado sem ser alterada.

Para o presidente da Anamatra, Paulo Schmidt, a aprovação da PEC significa um avanço na direção da eliminação do trabalho escravo e degradante, e pode ser creditada ao movimento das ruas e também à articulação das entidades, que há mais de uma década lutam pela sua aprovação.

A Constituição do Brasil afirma que toda propriedade rural ou urbana deve cumprir função social. Portanto, não pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer pessoa. Porém, o que se vê pelo país são casos de fazendeiros que reduzem trabalhadores à condição de escravos no campo ou de empresários que se beneficiam dessa aviltante forma de exploração em oficinas de costura e canteiros de obras nas cidades.

Trabalho escravo é crime previsto no artigo 149 do Código Penal. De acordo com dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego, desde 1995, mais de 42 mil pessoas foram libertadas dessas condições pelo Estado brasileiro.

Trabalho escravo

Privação de liberdade para se desligar do patrão ou preposto ou usurpação da dignidade caracterizam a escravidão contemporânea. O escravagista é aquele que rouba a dignidade ou a liberdade de pessoas. Escravidão é grave violação dos direitos humanos e deve ser tratada como tal. Se alguém utiliza escravos como instrumento de competitividade, visando à obtenção de lucro fácil através de uma vil concorrência desleal, deve perder a propriedade em que isso aconteceu, sem direito à indenização.

Segundo a Conatrae, a aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional 57A/1999, que prevê o confisco de propriedades onde trabalho escravo for encontrado e as destina à reforma agrária ou ao uso social urbano, é fundamental para combater esse crime. A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi aprovada na Câmara dos Deputados em 2012, voltando ao Senado por conta de uma modificação.

De acordo com o coordenador-geral da Conatrae, José Guerra, o livro é um balanço dos avanços obtidos pela instituição nesses dez anos. “Esperamos que esse livro seja isso, mostrar o que foi feito, mas também colocar como desafio o que precisa ser feito para que a gente erradique o trabalho escravo no Brasil”, disse José Guerra.

Com Agência Brasil e Conatrae
Matéria atualizada às 17h35 para acréscimo de informações