Secretário de Defesa de PE é demitido após declarações ofensivas
O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, colocou o cargo à disposição do governador Eduardo Campos, conforme informa nota divulgada por ele, na tarde desta quinta-feira (19). A atitude foi uma resposta à polêmica criada no Recife após as declarações de Damázio para uma entrevista ao Jornal do Commercio, publicada também nesta quinta.
Publicado 20/12/2013 11:15
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, informou em nota divulgada no começo da noite desta quinta-feira (19), que aceita o pedido de exoneração de Wilson.
Em outro ponto da entrevista, o secretário de Defesa Social diz que "aqui tem muitos problemas com mulheres, principalmente… Elas às vezes até se acham porque estão com policial. O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil… Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de farda. Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante, duas. Eu sou policial federal, feio pra c**… a gente ia para Floresta [Sertão de Pernambuco], para esses lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Pra ela é o máximo tá dando pra um policial. Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido."
Na carta divulgada nesta tarde, o secretário diz que as declarações "não constituem meu pensamento nem minha visão do mundo, razão pela qual repilo os termos e peço desculpas a todos aqueles que porventura tenham se sentido ofendidos". Damázio afirma também que "a entrevista que embasou a reportagem foi interrompida em vários momentos, como a própria autora relata, permitindo o desenvolvimento, nesses intervalos, de conversações informais, em tom de brincadeira e termos que, reconheço, foram inapropriados e inadequados".
Repercussão na sociedade civil
Na tarde desta quinta, entidades sociais reuniram a imprensa para pedir o afastamento de Wilson Damázio, por interpretarem "machista" e "homofóbica" as declarações feitas pelo gestor. As organizações também informaram que, nesta sexta (20), entrarão com uma representação no Ministério Público cobrando a responsabilização política, civil e penal de Damázio.

Em nota, as entidades afimam que as declarações do secretário reafirmam "valores machistas e homofóbicos e defendendo, sem nenhum pudor e de forma debochada, o discurso violento de que a culpa é da vítima". "O discurso dele foi no sentido de legitimar e justificar o crime público feito por agentes do estado", pontuou Ana Paula Portela, representante do grupo Direitos Urbanos-Recife.
A enfermeira Eleonora Pereira esteve na reunião, que ocorreu na sede do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. Ela externou a completa insatisfação em relação ao trabalho de Wilson Damázio à frente da SDS. "Eu, como mãe de homossexual, assassinado, repudio e quero que ele se retire, pois não sabe tratar, falar e apoiar esse público", disse.
O filho de Eleonora, José Ricardo, foi assassinado em 2010. Aos 24 anos, o rapaz foi sequestrado na porta de casa e espancado, no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, falencendo em um hospital público. Ela explicou que o primeiro inquérito relacionava a causa do crime com envolvimento do jovem com drogas. A delegada envolvida no caso foi afastada e a substituta concluiu que o homicídio teve caráter homofóbico.
Com informações do G1