O ano de 2013 no espaço: planos para depois do meteorito

O ano de lançamentos espaciais da Rússia terminou com o lançamento de um novo foguete-portador ligeiro Soyuz-2.1v com três satélites. O ano foi rico em acontecimentos: basta recordarmos o início da cooperação com a Agência Espacial Europeia (ESA) no projeto de Marte, a avaria do Proton, que transportava três satélites Glonass e, praticamente já no fim do ano, a reforma da indústria espacial russa.

Quanto à ciência espacial, o ano de 2013 foi “calmo” no que se refere aos lançamentos científicos: de fato, além da pequena sonda Bion-M, que funcionou no espaço durante um mês, não houve novos lançamentos. Também não eram esperados. A única novidade foi o adiamento do lançamento do observatório russo-alemão Spektr-RG de 2014 para 2015, provocado pela necessidade de uma afinação adicional dos instrumentos científicos.

Um acontecimento importante foi o acordo longamente esperado sobre o projeto ExoMars, assinado em março entre a agência espacial russa Roscosmos e a ESA. Podemos dizer que ele determinou a parte "marciana" do programa planetário da Rússia até 2020.

Segundo esse plano, a Rússia se torna num participante de pleno direito do projeto ExoMars, não apenas oferecendo os foguetes-portado res para a colocação dos aparelhos em órbita, mas também instalando equipamentos científicos e obtendo acesso a dados científicos.

A outra parte do plano planetário, a parte “lunar”, também poderá ser realizada com a participação da ESA, que manifestou o seu interesse num projeto conjunto com a Rússia.

Uma boa novidade são os mais de dois anos de funcionamento do observatório Spektr-R. Este ano terminou o programa científico inicial de observações e teve início o programa científico principal, em que participam cientistas de todo o mundo.

Continua em funcionamento na órbita terrestre o microssatélite académico Tchibis-M, que estuda as trovoadas terrestres a partir do espaço, e todo um conjunto de instrumentos científicos a bordo de sondas estrangeiras, incluindo o espectrômetro de nêutrons DAN a bordo do jipe marciano Curiosity, o que grande protagonista da ciência espacial deste ano que termina.

Contudo, as informações vindas de Marte cedem a primazia no impacto provocado às notícias sobre os novos membros do “clube espacial”: a China, a Índia, o Japão, o Irã e a Coreia do Sul. Além de mais um voo tripulado, a China colocou no espaço e pousou na superfície lunar uma sonda com um robô móvel.

A sonda interplanetária indiana se encontra a caminho de Marte. O Japão colocou no espaço um observatório astrofísico transportado pelo seu novo foguete-portador modernizado Epsilon, o Irã enviou pela primeira vez um ser vivo, um macaco, num voo suborbital, enquanto a Coreia do Sul lançou pela primeira vez no espaço um satélite com o seu próprio foguete-portador. A julgar pelo cumprimento dos planos, podemos ter a certeza que, se não for até 2020 será pouco depois, no espaço irá surgir mais uma estação orbital – desta vez chinesa.

No entanto, como símbolo do ano de 2013 não devemos escolher a sonda indiana Mangalyaan, que viaja em direção a Marte, nem o Voyager, que atravessou mais uma fronteira do Sistema Solar, nem o jipe marciano que se movimenta tenazmente por outro planeta.

Em meados de fevereiro um pequeno corpo celeste, que colidiu com a Terra perto de Tchelyabinsk, recordou claramente à humanidade que o espaço não fica assim tão longe. O meteorito de Tchelyabinsk foi objeto de muitas publicações aos mais diversos níveis: tanto os especialistas, como os não-especialistas avaliavam a massa, as dimensões e muitos outros parâmetros desse corpo celeste a partir de todos os registros disponíveis em vídeo e em fotografia.

As agências espaciais começaram a falar de uma forma cada vez mais insistente sobre a necessidade de se vigiar os corpos celestes potencialmente perigosos, e o projeto do voo tripulado até um asteroide parece ter ganho um segundo fôlego.

Fonte: Voz da Rússia